A crise envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) começou a 140 dias, em 25 de maio passado, uma sexta-feira, quando veio a público a denúncia publicada na revista Veja que iria às bancas no dia seguinte: Cláudio Gontijo, funcionário da empreiteira Mendes Júnior, teria pago despesas pessoais de Renan com uma filha fora do casamento.
Da cadeira de presidente, Renan reconheceu os pagamentos feitos por Gontijo à jornalista Mônica Veloso, mãe da criança, mas ressaltou que o dinheiro era proveniente de recursos próprios do senador.
Ele disse que apenas se utilizou do funcionário da empreiteira, de quem é amigo pessoal, para manter o assunto longe da família.
A denúncia gerou uma representação por quebra de decoro por parte do PSOL a que Renan respondeu com documentos (notas fiscais de venda de gado, entre outros), de forma a provar que tinha renda suficiente para fazer os pagamentos à jornalista.
O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou relatório concluindo ser insuficientes as explicações de Renan para esse e outros pontos de sua defesa.
No dia 12 de setembro, entretanto, o Plenário do Senado o absolveu por 40 votos contra 35e seis abstenções.
Depois dessa foram protocoladas mais quatro representações contra Renan: Segunda representação - Protocolada pelo PSOL, destina-se a apurar denúncias de que o presidente do Senado utilizou de seu prestígio político para favorecer a cervejaria Schincariol depois de a empresa ter comprado, por preços acima dos de mercado, uma fábrica de refrigerantes de seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL).
O relator da matéria é o senador João Pedro (PT-AM).
Terceira Representação - De autoria do DEM e do PSDB, e tendo como relator o senador Jefferson Péres (PDT-AM), pede a investigação da denúncia de que o presidente comprou, em parceria com o usineiro João Lyra, mas por meio de “laranjas”, e sem declarar à Receita Federal, duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas.
Apesar de ter sido designado somente nesta quarta-feira (10) para a relatoria, Jefferson Péres afirmou que vai trabalhar para entregar seu parecer até 2 de novembro.
Quarta representação - Também apresentada pelo PSOL, requer a apuração da denúncia de que Renan e o empresário Luiz Garcia Coelho montaram um esquema para desviar recursos de ministérios comandados pelo PMDB.
O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator da matéria, foi um dos responsáveis também pela relatoria do primeiro processo que Renan respondeu no conselho.
Ao contrário de Marisa Serrano e Casagrande, no entanto, Almeida Lima apresentou parecer pedindo a absolvição do colega de partido e o conseqüente arquivamento dessa primeira ação.
Quinta representação -Protocolada na última terça-feira pelo DEM e o PSDB, visa a apurar a denúncia de que Renan está envolvido em um esquema de espionagem para vigiar os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO), por meio do ex-deputado e ex-senador Francisco Escórcio, funcionário do gabinete de Renan.
Antes de ser encaminhada ao Conselho de Ética, essa denúncia precisa ainda que ser analisada pela Mesa do Senado.