Da Editoria de Cidades do Jornal do Commercio Oitenta famílias sem-teto ocuparam, ontem, o Palácio dos Governadores, sede da Prefeitura de Olinda, Região Metropolitana.
Com colchões, malas e utensílios pessoais, os manifestantes, que cobravam a construção de casas populares, permaneceram sentados no salão principal do prédio durante três horas.
O ato foi uma represália à ação do poder municipal, que expulsou as famílias de um terreno situado às margens da Avenida Panordestina, nas primeiras horas da manhã.
Durante o despejo, os sem-teto alegaram que foram agredidos por guardas municipais.
Dois deles chegaram a ser detidos, mas já foram liberados.
Antes de invadir a prefeitura, às 9h, eles saíram em caminhada pelas ruas de Olinda.
A Polícia Militar e a Guarda Municipal reforçaram a segurança no Palácio dos Governadores, mas não houve registro de conflito durante a entrada dos manifestantes.
Os sem-teto, que moravam em comunidades pobres do bairro de Peixinhos, alegaram que ocuparam o terreno no último sábado à noite, porque não têm condições de pagar aluguel.
Também disseram que a prefeitura os retirou da área sem ordem judicial. “Por volta das 8h, chegou uma mulher, que se identificou como funcionária da Secretaria de Planejamento, e disse que era para deixarmos o local.
Recusamos e agendamos uma reunião, pois ela não mostrou nenhum documento.
Ela concordou.
Porém uma hora depois, os policiais apareceram e nos retiraram à força”, disse Guida Kosmhisky, uma das coordenadoras do Movimento de Luta nos Bairros (MLB).
A sem-teto Senhorinha Joana, 21, afirmou que os policias agiram com brutalidade. “Eles diziam que não tinha mais negociação e foram destruindo nossos barracos.
Os meninos ficaram assustados.
Muita gente passou mal.” Os manifestantes Jailson Davi Nunes dos Santos, 18, e Ademar Fonseca, 25, foram detidos sob a acusação de que estavam impedindo a operação policial.
Eles foram soltos após negociação do movimento e prefeitura.
A permanência dos sem-teto não chegou a afetar os serviços oferecidos na prefeitura, mas atrapalhou a circulação de quem precisou ir ao local.
As portas e janelas do Palácio dos Governadores foram fechadas para impedir o acesso de outros manifestantes.
O impasse só terminou às 13h30, quando a comissão de sem-teto decidiu aceitar a proposta do poder municipal.
O chefe de gabinete da prefeitura, Sidney Mamede, informou que vai cadastrar as famílias e estudar em quais programas habitacionais elas podem ser inseridas. “Essa área que foi ocupada por eles será usada para o reflorestamento de mangue, conforme previsto no projeto de urbanização do Prometrópole.” Em relação à acusação dos sem-teto de que houve excesso da polícia, Mamede afirmou que ação será investigada.