BRASÍLIA – Estopim da crise envolvendo Renan Calheiros, a jornalista Mônica Veloso reapareceu ontem no Congresso, mas não pessoalmente.
Desta vez, na capa da revista Playboy, ela voltou a chamar a atenção dos parlamentares, assessores e servidores da Casa, que compraram num período de dez horas, 150 revistas, um recorde na história da banca da Chapelaria, na entrada do Parlamento, a principal do Congresso Nacional.
O gerente da banca, José Erinaldo, 33 anos, disse que nunca foi tão grande o movimento de assessores. “Teve um que levou três, mas eles não contam de jeito nenhum para quem estão levando a revista”, afirmou.
Nas primeiras duas horas, 40 revistas foram vendidas.
Renan preferiu não comentar.
Ao ser questionado por jornalistas, fechou a cara.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) confessou que entrou numa banca, ainda em São Paulo, e, meio constrangido, chamou o vendedor em um canto: “Posso lhe fazer uma pergunta indiscreta?
Já chegou a revista da Mônica Veloso?”.
Ao saber pela imprensa sobre o lançamento, o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), não escondeu sua satisfação. “Vou comprar agora mesmo, senão esgota.
Estamos todos esperando isso há muito tempo”, disse.
Depois explicou que seu interesse era saber o que ela dizia na revista.
Até o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), confessou curiosidade. “Não comprei a minha ainda.
Quero ver se alguém me empresta…”, afirmou, sem completar a frase.
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) foi um dos primeiros a chegar na banca ontem pela manhã, mas disse que seu propósito era apenas trocar dinheiro para pagar o táxi.
Os deputados Maurício Rands (PT-PE) e Bruno Araújo (PSDB-PE) foram juntos à banca. “É uma mulher bonita, mas você vê que tem muito recurso de computador”, afirmou Rands, com uma revista embaixo do braço. “Não compro.
Acho que a população acaba misturando as coisas e achando que o Congresso é um prostíbulo”, afirmou, por sua vez, o deputado Carlito Merrs (PT-SC).
Sobre se tinha visto a revista, o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), saiu-se com esta: “O assunto é tão perigoso que nem na revista quero ver.
Uma foto minha vendo a revista já dá uma pensão (alimentícia)”.
Nos corredores do Congresso, no dia mais tenso desde o início da crise envolvendo Renan, o assunto também foi um dos mais comentados.
Elogios – a maior parte dos homens – e críticas – quase todas de mulheres invejosas da boa forma de Mônica – foram ouvidos aos quatro cantos.
Nem quem estava no plenário do Senado, apesar da tensão da sessão de ontem à tarde, deixou de dar uma espiada.
Sem poder correr até a banca, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), flagrado por jornalistas, recorreu à internet para conferir as curvas da mulher que abalou o Congresso.