Por Isaltino Nascimento www.isaltinopt.com.br “Há aqueles que lutam um dia, e por isso são bons Há aqueles que lutam muitos dias, e por isso são muito bons Há aqueles que lutam anos, e são melhores ainda Porém há aqueles que lutam toda a vida: esses são imprescindíveis.” O famoso poema “Os que Lutam”, do alemão Bertolt Brecht, que morreu em 1956, três anos antes da vitoriosa conquista de Cuba, parece ter sido feito em homenagem a um dos maiores lutadores que a América Latina conheceu: o argentino Ernesto Guevara de la Serna.

Exatamente hoje, marcamos os 40 anos da ausência física de Che Guevara.

E com uma lição de vida.

Para dissabor de muitos que pretendiam, com o gesto comandado pelos interesses conservadores e retrógrados, apagar da história o exemplo de desprendimento e de obstinação por um ideal que permanece vivíssimo entre nós.

Estamos em um mundo comandado pelo ideário liberal, hoje travestido de neoliberalismo, que dissemina o individualismo como modo de vida.

Em que a solidariedade, a construção coletiva, a igualdade são consideradas bandeiras obsoletas.

Porém, o exemplo deixado por Che mantém em nós o ideário da luta, de que é possível transformarmos o mundo.

As contradições que vivenciamos, todos os dias, deixam claro que o capitalismo só interessa àqueles que se mantêm no topo da pirâmide social, política e econômica.

Mas a maioria ainda clama por transformações.

Lamentavelmente, vimos que alguns veículos de comunicação do nosso País tentaram macular a imagem de Che Guevara.

Não conseguiram.

Nem mesmo as campanhas empreendidas pelos regimes militares que comandaram a América Latina, tiraram Guevara da memória do povo.

Porque trata-se, sim, de um mito.

Mas que não foi construído pelas tramas da elite.

E, sim, de alguém que jovens em todo o mundo devotam pelo exemplo deixado.

Certamente, o dia de hoje servirá de reflexão para avaliarmos até que ponto estamos contribuindo para acabarmos com as injustiças que nos cercam.

Como agimos no nosso dia-a-dia, nos espaços em que convivemos?

Nos engajamos nas lutas do local em que moramos, do nosso sindicato, do espaço onde estudamos ou do partido político ao qual pertencemos?

Como é nossa relação com o outro?

Por fim, como lidamos com os nossos preconceitos, com a nossa arrogância e o nosso egoísmo? É fundamental nossa revolução interna para darmos passos no ideário pregado por Che.

E o poema de Brecht serve de referencial para nossa conduta, demonstrando que todos devemos lutar toda a vida.

Para nos tornarmos imprescindíveis como Che Guevara.

Isaltino Nascimento é deputado estadual pelo PT, líder do governo na Assembléia Legislativa e escreve para o Blog de Jamildo às terças-feiras.