O resultado do plebiscito popular sobre o leilão de venda da Companhia Vale do Rio Doce, realizado pelo Comitê Nacional da Campanha A Vale é Nossa (formado por 64 organizações sociais), será divulgado nesta segunda (8).
O intuito é angariar apoio a favor da anulação da privatização da mineradora, ocorrida dez anos atrás.
Para o sociólogo e cientista político Eduardo Graeff, que foi secretário-geral da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso em 1998 e 1999 e é filiado ao PSDB, a consulta é equivocado na forma e no conteúdo. “O plebiscito é equivocado na forma, porque essa palavra faz as pessoas pensarem no que está previsto na Constituição, [em que o termo] é usado para definir a posição de eleitores sobre um assunto. É mais um abaixo assinado [do que um plebiscito]”, disse Graeff em entrevista à Agência Brasil.
Na opinião dele, o plebiscito popular sobre a Vale não foi neutro. “Não é oficial, nem é neutro, porque as pessoas que colhem os votos têm uma opinião formada e induzem a opinião dos consultados”.
Além disso, para Graeff, a privatização foi positiva para o País, com aumento do recolhimento de impostos e contribuições, expansão do emprego e geração de divisas.
Mas para os movimentos sociais que defendem a reestatização, o valor pelo qual a Vale foi vendida (R$ 2,1 bilhões) é muito baixo para uma empresa com patrimônio estimado por eles em R$ 92 bilhões, que deu lucro de R$ 10 bilhões somente no primeiro ano após a privatização.
A privatização, passados dez anos, ainda é questionada na Justiça.
Ao todo, 107 medidas judiciais, entre ações populares e ações civis públicas, tentam reverter a venda.
No dia 6 de outubro, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que apesar de o PT ter apoiado o plebiscito, o governo não vai discutir o assunto.
Para o presidente, a privatização foi consagrada por um ato jurídico que será respeitado pelo governo. (Com a Agência Brasil)