A INVASÃO DA USINA SALGADO A respeito da invasão da Usina Salgado, localizada no município de Ipojuca, praticada pela Fetape, CPF, MLST e Fetraf, realizada no dia de hoje, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco e a Força Sindical vêm a público declarar: Alegam os invasores que sua atitude visa “questionar junto ao governo o modelo atual de reforma agrária, além de desapropriar as empresas que devem INSS, não pagam os impostos, não cuidam da preservação ambiental e não repassam os direitos trabalhistas arrecadados”, como noticia o presidente da Fetape, Aristides Santos na imprensa, concluindo ainda que se “o governo não cobrar de quem deve e pode pagar, então que desaproprie.

O Estado não cobra e as usinas pernambucanas estão devendo mais de 500 milhões de reais, mesmo tendo como pagar”.

Alegam, ainda, que o modelo em prática na Usina Catende serve como exemplo a ser seguido.

Causa preocupação a invasão de uma unidade sucro-alcooleira em plena atividade, pois a atitude além de impedir a atividade produtiva, ameaçar a integridade dos equipamentos industriais e, com isto, ameaçar os empregos existentes, traz riscos à própria segurança dos invasores e, principalmente, aos trabalhadores que ali laboram.

Ali encontram-se armazenados produtos químicos e álcool combustível, passíveis de acidentes de proporções incalculáveis se manipulados por pessoas que não possuam a qualificação necessária.

A interrupção da moagem de forma abrupta pode causar danos irreparáveis aos equipamentos, podendo até mesmo inviabilizar a sua reutilização. É verdadeiro que a Usina Salgado possui elevado passivo de natureza previdenciária, fiscal e fundiária, como é verdade que a mesma Usina Salgado garante o sustento de mais de 3.500 famílias, com os empregos que gera, notadamente na área rural (cerca de 2.600).

Inúmeras ações tramitam no Judiciário, seguindo a ordem legal estabelecida, tratando de tais passivos e é ali, no Judiciário, que devem emanar decisões que garantam o pagamento de ditos passivos.

O caminho indicado pelos invasores, usando a Massa Falida da Usina Catende, decididamente, não é um exemplo a ser seguido.

Apenas neste ano, os empregados da Massa Falida da Usina Catende, administrada pela Fetape, amargam cerca de 4 meses de salário em atraso.

Desde a decretação da falência, há cerca de 12 anos, a Massa Falida da Usina Catende, operando com autorização do Juízo Falimentar, descontou dos salários dos empregados e reteve os valores relativos ao INSS, deixando de repassá-los à Previdência, fato que já levou à prisão de diversos empresários em situação análoga.

Neste mesmo tempo, a Massa Falida da Usina Catende deixou de recolher o FGTS de seus empregados, mesmo existindo decisão transitada em julgado determinando o recolhimento em flagrante desobediência à ordem judicial.

Decididamente, este não é um modelo a ser seguido!!!!

Conclamamos as autoridades a darem uma rápida resposta a esta atitude de violência e desrespeito à ordem estabelecida, garantindo o regular funcionamento da unidade e a manutenção dos empregos existentes!

Que o Estado, através das suas instituições seculares, cumpra sua função de arrecadar encargos previdenciários, fiscais e fundiários de todas as empresas que sejam inadimplentes.

Mas que o mesmo Estado garanta o direito ao trabalho e ao sustento de nossas famílias.

Recife, 08 de outubro de 2.007.

LAAN IZIDORO Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Pernambuco.

Presidente da Força Sindical em Pernambuco.