Do UOL Edir Macedo Bezerra, 62, líder da Igreja Universal e dono da TV Record, diz que dois motivos o levaram a autorizar a publicação de sua biografia (ed.
Larousse), que chega às livrarias no dia 15: medo de que alguém publicasse uma versão não-autorizada e se defender do que chama de “execração” e da acusação de explorar a fé.
O bispo também usa o livro para apontar publicamente -pela primeira vez- quem será seu herdeiro espiritual, o nome de seu sucessor em caso de morte. “Doze anos depois de ter sido preso na rua, levado para a cela de uma delegacia e ter sido execrado nos noticiários dos jornais, do rádio e da televisão, resolvi contar minha versão dos fatos”, declara Macedo em entrevista exclusiva.
O livro contém vários ataques diretos à Globo, que é acusada de ser manipuladora, desonesta e até imoral no trato das notícias, especialmente as que colocaram a ele e sua igreja no centro de escândalos.
Fica claro que o bispo não perdoou e jamais perdoará a Globo pela forma com que cobriu sua prisão, sob acusação de charlatanismo e curandeirismo, em maio de 1992, e pela exibição da minissérie “Decadência” (95), de Dias Gomes, que retratava um pastor evangélico desonesto.
A minissérie, aprovada pelo próprio Roberto Marinho à época, foi posteriormente considerada um tiro no pé na emissora.
Revoltou a todos os evangélicos, e não só a Universal.
O rancor com a Globo pode ser mensurado nas 273 páginas da obra escrita por Douglas Tavolaro, diretor de Jornalismo da Record, com reportagem de Cristina Lemos.
O nome da “inimiga” Globo ou o de Roberto Marinho são citados 50 vezes.
Já o SBT -emissora empatada na vice-liderança do ibope com a Record, com seis pontos- é citado apenas duas.
Aliás, também sobram farpas para Silvio Santos.
O biografado se gaba de tê-lo ludibriado nas negociações para a compra da Record.
Usou um “laranja” na compra, Laprovita Vieira, até a hora de assinar o cheque.
Quando viu a manobra, o dono do SBT não podia mais voltar atrás, pois um sinal de US$ 7 milhões já fora dado. “Dar a outra face” não faz parte de seus ensinamentos.
Ele mapeia e combate inimigos.
Confiante ao exagero, acha que as revelações em sua biografia, com tiragem de 700 mil exemplares, podem mudar o Brasil.
Suas críticas vão para a imprensa e para o Judiciário. “Os interesses por trás das manchetes e das decisões descabidas da Justiça; a manipulação da verdade motivada por interesses comerciais e religiosos…
Isso precisa mudar.” Procuradas por telefone durante todo o dia de ontem, as assessorias da Globo e do SBT não foram localizadas.