Por Joana Rozowykwiat Da editoria de Política do JC No dia 2 de dezembro, cerca de um milhão de filiados do PT em todo o País irão às urnas para escolher as novas direções partidárias.
No Estado, o processo de eleição direta (PED) da sigla coloca em lados opostos os grupos do prefeito João Paulo e do secretário estadual das Cidades Humberto Costa.
E antes mesmo de terem registrado as chapas, os correntes já trocam acusações, expondo as divergências que fazem do PT uma sigla guarda-chuva, abrigando militantes de diversas correntes que polarizam entre si.
Em meio às farpas, as principais lideranças dos grupos alertam para o perigo de mostrar desunião em um ano pré-eleitoral.
Candidato de João Paulo à presidência estadual do partido, o secretário de Governo do Recife, Múcio Magalhães, tem feito duras críticas à Unidade na Luta (UL) - corrente de Humberto - e à forma com a qual ela conduziu o partido nos últimos 12 anos.
Ele afirma que a ala abandonou antigos valores da legenda, levando a uma crise política, ética e financeira.
Segundo ele, a direção da legenda, comandada pela UL, priorizou apenas a questão eleitoral e não investiu na formação e na comunicação interna, porque não quer que os militantes tenham consciência política. “Para eles, os militantes são massa de manobra.
Eles impõem sua maioria, sem respeitar as bases”, acusou Múcio.
A candidata de seu grupo à presidência do diretório recifense, Karla Menezes, concorda.
E ironiza: “Temos um padrão de militância diferente.
Ninguém que me apóia contribuiu para a crise ética iniciada em 2005”.
A referência é ao caso do mensalão, cujos envolvidos do PT pertenciam à UL, e ao indiciamento do próprio Humberto Costa, por suposta participação na Máfia dos Vampiros.
Karla e Múcio são apoiados pela maioria da chamada “esquerda do PT”.
O candidato da UL é o atual secretário geral da legenda, Jorge Perez.
A ala possui as principais lideranças do partido no Estado, como os deputados Maurício Rands, Carlos Wilson e Pedro Eugênio, além dos estaduais Teresa Leitão, Isaltino Nascimento, André Campos e Izabel Cristina.
Perez é o candidato da continuidade e se defende das acusações, lembrando que foi na gestão de seu grupo que o partido cresceu, conquistou sete prefeituras, mais de 100 vagas em câmaras municipais, governos estaduais e, claro, a presidência da República. “Múcio tem dito coisas contraditórias e autocondenatórias, já que ele é vice-presidente do PT e vários integrantes do grupo dele estão na direção, que é composta de forma proporcional aos votos obtidos no PED”, disse Perez, para quem o discurso do adversário é eleitoreiro e desqualificado. “É um discurso de fachada para justificar uma oposição que não se sustenta nas próprias teses”, disparou.
O prazo para inscrição dos postulantes se encerra no próximo dia 9, mas até agora, a expectativa é que outra chapa também concorra: a do grupo O Trabalho, que pertence à esquerda do PT.
O postulante à presidência estdual, Edmilson Menezes, afirma que sua chapa não está preocupada em desbancar ninguém. “O importante é cada um apresentar seu programa e a gente discutir.
Depois, de acordo com a votação, teremos algum espaço na direção, que deve ser representativa de todos”, afirmou.
Jorge Perez tem a mesma avaliação. “Existe esse hábito de todos se unirem contra nós, o que é ruim para o debate.
Porque aí as discussão não expressam as opiniões de todos.
A única opinião comum é ser contra nós”, lamentou.
Leia a reportagem completa no JC deste domingo.