A destituição dos senadores do PMDB Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi o estopim de uma revolta na bancada do partido no Senado e na própria oposição.

Vários senadores ameaçam paralisar a Casa com uma renúncia coletiva dos integrantes da comissão.

O senador Garibaldi Alves (RN), filiado à legenda há 39 anos, afirmou que jamais presenciou “tamanha agressão” a dois dos mais ilustres representantes históricos do PMDB.

A possível renúncia foi anunciada ontem pelo senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e poderá ser adotada na próxima semana se o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), não voltar atrás na decisão de substituir os dois peemedebistas.

O grupo suprapartidário que já propôs uma série de medidas de moralização da Casa, incluindo a adoção do voto aberto e da sessão aberta para a votação de pedidos de cassação de mandato, voltará a se reunir para discutir o assunto. “Cansei de discursos, temos que fazer alguma coisa”, afirmou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).

A destituição de Jarbas e Simon foi determinada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Os dois peemedebistas são contra a permanência de Renan no comando da Casa.

Na sessão de ontem, Cristovam leu requerimentos dirigidos ao líder do PMDB, como o do senador Heráclito Fortes (DEM-PI), que pede o recuo de Valdir Raupp, executor da ordem de Renan.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou ofício à mesa se solidarizando com Jarbas e Simon.

Se o líder do PMDB não atender aos apelos e mantiver sua posição, os outros partidos podem também ceder vagas, pelo menos de suplente, na CCJ para os dois peemedebistas.

O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) protestou contra a decisão do líder de seu partido, afirmando que isso deve gerar conseqüências na bancada que já está dividida. “Estão perseguindo politicamente dois senadores e quebrando a verdadeira doutrina do partido”, afirmou.

Segundo Alves, o caso exige não apenas uma manifestação pública de solidariedade aos dois senadores, mas também o lançamento de um movimento para trazer o partido “de volta a uma atitude digna e fiel ao seu passado de luta”.

Alves disse, ainda, que a destituição no mesmo dia em que o plenário do Senado homenageava outra personalidade histórica do partido – o ex-deputado Ulysses Guimarães – foi um “desacato” à memória do ex-presidente da Câmara e ex-presidente peemedebista.

ALTERNATIVA A destituição de Jarbas e Simon deve render ao governo dois votos certos na comissão para aprovar a emenda que prorroga a CPMF (o imposto do cheque) até 2011.

Nos bastidores, integrantes da base aliada anunciaram que a manobra terá efeito cascata.

Na próxima semana, a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), deverá substituir membros do bloco governista (PT-PTB-PR).

Jarbas e Simon declararam ser contra a CPMF e defendem a saída de Renan da presidência.

A contabilidade apertada do governo para aprovar a emenda previa que ambos rejeitariam a prorrogação na comissão.

Os substitutos, Almeida Lima (PMDB-SE) e Paulo Duque (PMDB-RJ), são aliados de Renan e votarão a favor da CPMF.

A relatora da emenda que estende o imposto será a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).

Ela já anunciou que rejeitará a prorrogação.

Os aliados tentarão aprovar substitutivo contrário ao parecer da senadora.