Do Blog de Josias de Souza Renan Calheiros (PMDB-AL) está a um passo de adicionar à sua galeria de problemas uma quarta representação por quebra do decoro parlamentar.

O DEM decidiu representar contra ele depois da descoberta de que o presidente do Senado montou um plano de espionagem para xeretar o cotidiano dos opositores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Marconi Perillo (PSDB-GO). “Decidimos protocolar uma nova representação”, disse Demóstenes ao blog.

A decisão, segundo disse, foi compartilhada com o presidente dos ‘demos’, deputado Rodrigo Maia (RJ) e com o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN).

Ouvido pelo repórter, Agripino ratificou as palavras de Demóstenes.

Informou que, ainda neste final de semana, vai buscar um entendimento com lideranças do PSDB.

Crê que o ideal é que DEM e PSDB assinem em conjunto a nova representação.

Agripino disse que Renan Calheiros deve explicações ao Senado e ao país. “É preciso que ele venha a público para explicar mais essa acusação”, disse. “Esperamos que ele o faça rapidamente”.

Terá de ser “muito convincente”, disse Agripino, para refrear o quarto pedido de cassação do mandato.

O líder do DEM cobrou, de resto, a “demissão” de Francisco Escórcio.

Trata-se de um ex-senador que Renan empregou, no final do ano passado, na assessoria da presidência do Senado.

Deu-lhe um contra-cheque de R$ 9.300 e incumbiu-o de missões nada ortodoxas.

Há 15 dias, Escórcio reuniu-se, em Goiânia, com dois advogados.

Buscava auxílio para montar o plano de espionagem contra Demóstenes e Marconi.

Sugeriu-se a instalação de câmeras num hangar que, suspeitavam eles, seria usado pelos senadores “inimigos” para embarcar em jatinhos particulares.

As imagens seriam usadas por Renan para chantagear e constranger os desafetos.

Convidou-se para participar da trama um ex-deputado e empresário goiano.

Chama-se Pedro Abrão. É dono do hangar Voar, onde se pretendia instalar as câmeras.

Em conversa testemunhada pelos advogados Heli Dourado e Wilson Azevedo, o empresário Abrão ouviu do próprio Escórcio o pedido de “ajuda” ao chefe Renan Calheiros.

O plano malogrou porque Abrão, além de não concordar em participar do malfeito, deu com a língua nos dentes.

Relatou a Demóstenes Torres a armadilha que o preposto do presidente do Senado urdia contra ele e Marconi Perillo. “Nada pode caracterizar mais a falta de decoro do que o uso da estrutura do Senado para espionar colegas”, disse Demóstenes ao blog. “Renan Calheiros agora acha que é o próprio Supremo Tribunal Federal.

Decidiu que tem poderes para investigar senadores.” Escórcio, o assessor de Renan, confirma que esteve com os advogados e com Abrão.

Nega, contudo que a conversa tenha girado em torno do plano de espionagem.

O presidente do Senado ainda não se manifestou sobre o caso.

Confirmando-se a nova representação, serão cinco os processos já protocolados na Mesa do Senado contra Renan.

Porém, um deles (pagamento de pensão à filha com dinheiro da Mendes Júnior) foi arquivado na fatídica sessão secreta de 12 de setembro.

Restam o caso da compra de empresas de comunicação alagoanas por meio de laranjas, o da coleta de propinas em ministérios geridos pelo PMDB, o de lobby em favor da cervejaria Schincariol e, agora, o caso do Big Brother Renan.