As denúncias sobre o possível processo de desmonte da Fundação Joaquim Nabuco foram discutidas em audiência pública realizada nesta quinta (04), pela Comissão de Cidadania da Assembléia Legislativa.

Convidado, o presidente da instituição, Fernando Lyra, não compareceu.

Durante o encontro, servidores da fundação reforçaram as críticas contra a direção da entidade e o Ministério da Educação, que pretendem reestruturar o funcionamento da Fundaj por meio da redução de aproximadamente 30% do quadro de funcionários.

A presidente da Comissão de Cidadania, deputada Terezinha Nunes (PSDB), anunciou que o colegiado vai encaminhar um documento relatando o que foi discutido na audiência para o Governo do Estado, Ministério Público, Tribunal de Justiça, e ainda para senadores e deputados federais. “O conteúdo do documento, que será assinado por todas as entidades presentes na reunião, vai constar o pleito dos funcionários e tudo o que foi colocado durante a reunião, como o fechamento da biblioteca, do Museu do Homem do Nordeste, a extinção da Escola de Governo e o desaparelhamento da fundação”, disse a parlamentar.

A crise teve início com a decisão do Ministério de pedir 70 cargos comissionados da Fundaj, que é uma autarquia submetida ao órgão federal.

Os servidores dizem não acreditar no projeto de reformulação, anunciado pelo Ministério, e acrescentam que o corte de funcionários deve gerar a paralisação de importantes projetos de pesquisa. “Os representantes dos poderes públicos e a sociedade tem que saber que o corte dos funcionários não significa apenas o corte de cargos, mas o corte de projetos que vão ser desativados, minimizados e quem vai perder com isso é o povo pernambucano”, acrescenta a pesquisadora que atua na Fundaj há 16 anos, Ronidalva Melo.

Os pesquisadores denunciaram que as mudanças estão acontecendo sem a participação dos servidores e a partir do desconhecimento da instituição pelo MEC.

Segundo a associação dos servidores, as pesquisas desenvolvidas na fundação oferecem uma série de subsídios tanto para a sociedade, quanto para o poder público.

Os servidores ainda denunciaram o descaso dos diretores da fundação com os espaços de pesquisa, como a Bibliotaca Central, o Museu do Homem do Nordeste e o Engenho Massangana.

De acordo com Ronidalva Melo, falta transparência à proposta anunciada pelo Ministério da Educação.

A deputada Terezinha Nunes acrescentou que vai entrar em contato com o senador Sérgio Guerra, do PSDB, para que ele solicite a realização de uma audiência com o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Vamos marcar uma reunião com o ministro para saber o que realmente está acontecendo na fundação e mostrar que a Assembléia Legislativa de Pernambuco não esta alheia à questão.

Não vamos deixar que um dos maiores patrimônios do Estado, figurando como referência nacional e internacional na área de pesquisas sobre ciências sociais desapareça”.

Durante a audiência, representantes da OAB/PE, do Clube de Engenharia de Pernambuco, do Ministério Público do Estado e de diversas outras entidades anunciaram apoio aos servidores da Fundação Joaquim Nabuco.

O encontro também contou com a participação dos deputados Augusto Coutinho, do Democratas, e Isabel Cristina, do PT.

PS: Leia o que o JC desta quinta publicou sobre o desmonte da Fundaj, clicando aqui.