Da editoria de Economia do JC de hoje O governo federal está ameaçando cassar a concessão da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) para exploração da antiga Malha Nordeste, que vai da cidade de Propriá, em Sergipe, até São Luís, capital do Maranhão.

O motivo da insatisfação da União é o ritmo lento das obras da Transnordestina, que começaram oficialmente em junho do ano passado, mas não ultrapassaram os dez primeiros quilômetros.

A ferrovia terá uma extensão de 1.860 quilômetros, saindo da cidade de Eliseu Martins, no Piauí, indo até os portos de Pecém, no Ceará, e o de Suape, que fica na Região Metropolitana do Recife.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, chegou a declarar ontem no jornal Valor Econômico que “o governo tomará todas as providências, caso ele não faça a obra” e que a União o é o “poder concedente”, depois de se encontrar com o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), o empresário Benjamim Steinbruch.

A CSN é sócia majoritária da CFN.

A União deseja ver a Transnordestina concluída até 2010.

No final de agosto último, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista coletiva, que um dos fatores que estava contribuindo para o ritmo lento das obras era a inadimplência da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) com o governo federal.

Ainda na mesma entrevista, Lula informou que teria uma reunião com a ministra Dilma Rousseff e os diretores da CFN para fazer um entendimento entre o governo federal e a empresa sobre as obras da ferrovia.

As obras da Transnordestina estão sendo feitas pela CFN, mas grande parte dos recursos que serão empregados no empreendimento são da União.

Portanto, a empresa precisará estar adimplente com o governo federal para receber os recursos.

Dos R$ 4,5 bilhões a serem empregados nas obras da ferrovia, cerca de R$ 1 bilhão será bancado pela CFN, dos quais R$ 570 milhões serão de recursos próprios e mais R$ 500 milhões sairão de um empréstimo que a empresa fez ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O restante será bancado pelo Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e pelo antigo Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor).

Na reunião com a ministra, a CFN se comprometeu em apresentar um novo cronograma das obras da ferrovia em 15 dias.