Baleada nas costas durante uma tentativa de assalto no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, na noite do sábado, a dentista Rafaela Arcoverde da Silva, 26 anos, não resistiu ao ferimento e morreu.

Durante todo o dia de ontem, familiares e amigos estiveram no Hospital Unimed, na Ilha do Leite, área central da capital, à procura de informações da jovem.

O clima era de angústia e revolta. À tarde, chegou a notícia da morte da dentista.

Rafaela, que corria o risco de ficar tretraplégica, estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Consciente, reclamava que não sentia os braços e as pernas.

O estado de saúde da dentista preocupava os parentes. “O quadro é gravíssimo.

Estamos esperando um milagre de Deus”, confessou pela manhã um familiar que preferiu não ser identificado.

A avó da jovem contou que a dentista havia chegado à casa do noivo, identificado como Vagner, na companhia dele e de uma sobrinha.

Eles estacionaram o carro e caminharam poucos metros até a residência. “Todo mundo tinha entrado, menos Rafaela.

De repente, ouvimos um tiro.

Quando saímos, vimos ela no chão.

Nem nos preocupamos em ver quem fez aquilo.

Só pensamos em salvar a vida dela”, declarou a avó, que é americana e reside em Pernambuco há 40 anos.

O disparo atingiu a coluna de Rafaela, na altura da vértebra cervical, gerando um choque medular.

A dentista foi socorrida pelo pai no Hospital Getúlio Vargas e depois transferida para o Hospital Unimed, onde estava internada desde sábado na UTI da unidade.

Os amigos estavam inconformados com a violência. “Eu já fui assaltado duas vezes no local onde essa tragédia ocorreu.

Ela é uma excelente pessoa.

Agora, resta torcer”, disse o laboratorista Gustavo Ferreira, 26, que há oito anos freqüenta a igreja presbiteriana onde a dentista realizava trabalho voluntário antes de saber que a amiga havia falecido.

A também dentista Camila Beder, 25, colega de faculdade de Rafaela, não conseguiu conter as lágrimas. “A gente se formou há dois anos e perdeu um pouco o contato.

Mas assim que soube, corri para cá.

Quando acontece algo assim, a gente fica sem acreditar em mais nada”, lamentou.

Rafaela namorava Vagner há oito anos e está com casamento marcado para abril do próximo ano. “Eles sempre foram o casal ideal e têm muitos planos juntos.

Não sei como vai ser”, afirmou a avó.

A jovem cursava mestrado em odontologia.

A família proibiu o hospital de repassar informações sobre a paciente, que havia sido submetida a cirurgia e respirava com a ajuda de aparelhos.

De acordo com a Polícia Civil, testemunhas contaram que Rafaela foi abordada por três homens.

Os criminosos teriam disparado dois tiros contra ela.

Um dos disparos atingiu a dentista nas costas.

O delegado do Cordeiro, João Gustavo, que está responsável pelas investigações, declarou que a única hipótese com que trabalha atualmente é de assalto.

Ele pretende conversar com parentes a fim de obter maiores informações sobre o caso.

João Gustavo falou que ainda não tem pistas dos suspeitos, que fugiram a pé.

João Gustavo ainda explicou que o crime não ocorreu na Rua Rio Capibaribe como havia sido divulgado antes, mas numa via próxima.