O secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, não gostou de ter lido hoje, no JC, que o grupo mexicano já havia decidido investir no estado antes da chegada de Eduardo Campos ao poder.

Bezerra Coelho fez um périplo com o governador pelo México e Estados Unidos e não contava que um executivo do próprio banco, na entrevista de domingo à tarde, contasse o detalhe aparentemente inconveniente.

Veja o texto, com o grifo nosso.

Mexicanos abrirão lojas e bancos em Pernambuco Por Fernando Castilho e Leonardo Spinelli Imagine uma banco cuja agência está no distrito de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes.

Um banco onde, para tomar um empréstimo, você não precisa comprovar renda.

Um banco onde as parcelas do financiamento são quitadas semanalmente.

Se você pensou numa nova frente de atuação da Caixa, Banco do Brasil ou Banco do Nordeste, errou.

A partir de janeiro de 2008, na periferia da Região Metropolitana do Recife (RMR), o Banco Azteca, do grupo mexicano Salinas, vai abrir 10 agências focando, exatamente, no segmento que os banco privados esnobam e o oficiais ainda patinam: a baixa renda.

A baixa renda também é o mercado preferencial de uma rede de lojas de eletrodomésticos do mesmo grupo que será instalada na RMR também em janeiro.

No total, os mexicanos do Salinas vão investir US$ 200 milhões (R$ 400 milhões) nos próximos cinco anos no Nordeste, US$ 25 milhões (R$ 50 milhões) só na primeira etapa, que engloba o Grande Recife.

Das 10 unidades bancárias programadas, quatro vão funcionar nas lojas de eletrodomésticos do grupo, de bandeira Elektra.

Ontem, a direção do Grupo Salinas, cujo braço financeiro é o Banco Azteca, se reuniu com o governador Eduardo Campos e garantiu os investimentos.

O Banco Azteca, liderado pelo empresário Ricardo Salinas, decidiu, há dois anos, que iria entrar no Brasil e há 18 meses, que a sede seria em Pernambuco.

Neste final de semana, anunciou que Olinda sediaria a agência central no Estado.

Para um banco que deseja atuar em toda América Latina (já está presente no Panamá, Guatemala, El Salvador, Peru e Argentina), o Brasil é um dos melhores mercados.

E o Grande Recife, segundo os mexicanos, é um lugar onde a economia informal tem características que reproduzem o perfil típico da instituição.

Segundo o presidente do Banco Azteca no Brasil, Luiz Ninño de Rivera, a instituição chega ao País trazendo o seu conceito de crédito aliado à rede de eletros que já tem 100 anos no México e 1.600 lojas espalhadas pelo continente.

Tudo voltado para as faixas de renda C,D e E.

Por enquanto, os mexicanos não planejam entrar no Centro-Sul do Brasil.

Mas como ter sucesso onde os bancos brasileiros falharam?

Simples, diz Rivera. “Nós vamos ter serviços diferenciados para pessoas de baixa renda porque sabemos que, fora as diferenças culturais, existem as mesas carências.” Um dos diferenciais é que o grupo não cobra tarifas de serviço, apenas juros “que são dos mais competitivos do mercado”.

O diretor não informou qual será a taxa a ser cobrada a partir de janeiro.

Segundo ele, o Azteca vai abrir lojas exclusivamente em bairros da periferia.

As agências inauguram no Brasil um formato bastante peculiar.

Para ceder um empréstimo, a instituição vai à casa do cliente e checa suas informações montando um perfil sócio-econômico completo.

O empréstimo é definido em função dessa avaliação e da atividade com que o correntista declara e comprova.

O pagamento é semanal.

O Azteca opera com cartão de débito e não cobra pela manutenção da conta.

Para pequenos investidores, oferece, inclusive, a chance de se aplicar num CDB, por exemplo, com liberação a qualquer tempo antes do prazo contratual de 90 dias.