Da Folha Online A rebelião na bancada do PMDB no Senado, que impôs uma derrota ao governo federal nesta quarta-feira (26), teve como estopim a demora na definição do novo ministro de Minas e Energia pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A Folha Online apurou que parte dos senadores quer pressionar Lula a convidar Silas Rondeau para retornar à pasta - o ex-ministro pediu demissão depois de seu nome ser envolvido com a Gautama, que lideraria um esquema de fraude em licitações desarticulado pela Polícia Federal.

O nome de Rondeau foi indicado por Lula pela ala do PMDB no Senado, que se vê insatisfeita com o fato da bancada do partido não estar “bem representada” no primeiro escalão.

Um dos senadores peemedebistas chegou a afirmar que os ministros Nelson Jobim (Defesa) e José Gomes Temporão (Saúde), apesar de filiados ao PMDB, foram indicados sem o aval do partido.

Além da demora na indicação do novo ministro, a bancada de senadores quis dar uma demonstração do poder de Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado.

Os peemedebistas querem mostrar que o partido, mesmo com o enfraquecimento de Renan no comando da Casa, tem condições de impor derrotas ao governo se decidir partir para a oposição.

Interlocutores de Renan consideraram positivo para o senador a derrota do governo em plenário.

O grupo pró-Renan avalia que o episódio confirma a necessidade de o governo apoiar o peemedebista com crédito de líder.

Segundo aliados de Renan, o PMDB do Senado está sem comando, uma vez que o presidente da Casa prioriza as denúncias de que é alvo no Conselho de Ética ao invés de dialogar com o Palácio do Planalto - enquanto o senador José Sarney (PMDB-AP) não tem um bom trânsito com grande parte da bancada.

RECONQUISTA O presidente Lula reconheceu a aliados que precisa reconquistar a bancada do PMDB no Senado diante do enfraquecimento da interlocução de Renan.

Lula escolheu como seus emissários o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e o líder do PMDB na Casa, Valdir Raupp (RO).

Lula avalia que os dois senadores têm capacidade para reunir as diversas \alas\ do partido no Senado.

Um senador peemedebista disse à Folha Online que existem, atualmente, três grupos do PMDB no Senado.

O primeiro deles, chefiado por Jucá e pelo senador José Sarney (PMDB-AP), reúne parlamentares alinhados com o Palácio do Planalto.

Outro grupo, de oposição, tem como um de seus principais representantes o ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcellos (PMDB).

O terceiro grupo foi criado em meio à recente rebelião da legenda, com parlamentares que vão avaliar caso a caso se votarão com o governo ou com a oposição.

Raupp teria a função de dialogar de forma mais aberta com os dois últimos grupos, já que acompanhou a rebelião da bancada no plenário do Senado.