Da Folha Online Senadores da base aliada do governo responsabilizaram o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pela rejeição da medida provisória que criou a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República e outros 626 cargos comissionados no governo federal.

Na opinião de governistas, a crise política e o desgaste sobre o presidente da Casa permitiram a desestabilização da base aliada no Senado.

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) voltou a defender o afastamento de Renan da presidência da Casa para que as votações sejam retomadas no Senado e sem prejudicar o governo.

Na opinião de Mercadante, a permanência de Renan é um “fator de instabilidade da crise política” que atinge o Senado.

Mercadante recomendou que Renan vá cuidar de sua defesa nos três processos a que responde no Conselho de Ética da Casa porque considera “muito difícil” o peemedebista elaborar os argumentos em seu favor. “O ideal seria que ele se licenciasse da presidência, fosse cuidar da defesa do seu mandato porque vai ser muito difícil diante dos processos que ainda terá que enfrentar”, afirmou.

O petista considerou “injustificável” a posição do PMDB de votar contra a medida provisória que criou a secretaria chefiada pelo ministro Mangabeira Unger e os mais de 600 cargos comissionados no Poder Executivo. “É incompreensível que um partido da base aliada tome essa decisão.

O único fator que pode levar o PMDB a essa situação é a crise que atinge o senador Renan”, afirmou.

O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), rebateu as acusações de Mercadante.

Segundo o peemedebista, a rejeição da MP não tem qualquer relação com a situação política de Renan. “Isso não é verdade.

O PMDB sempre deu nesta Casa vitórias ao governo.

O partido entendeu que nessa matéria não votaria com o governo, mas não por isso vai desabar o mundo”, contemporizou.

Rebelião A rebelião no PMDB foi provocada pela insatisfação da bancada do partido com o tratamento do Palácio do Planalto às reivindicações de diversos senadores – como liberação de verbas para obras nos Estados.

Além disso, os peemedebistas deram um claro recado ao Palácio do Planalto de que estão insatisfeitos com a postura de senadores aliados favoráveis ao afastamento de Renan.

Senadores do PT –como Mercadante e Tião Viana (PT-AC)– defenderam o afastamento do presidente do Senado para que a Casa volte a funcionar normalmente.

O PMDB não descarta retaliar o “abandono” a Renan na votação da PEC (proposta de emenda constitucional) que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011 –caso o diálogo não seja retomado com o governo federal.

Alheia à instabilidade na base governista, a oposição comemorou o clima de tensão entre o PT e o PMDB. “Se o PMDB retomar as suas origens, ficaremos muito felizes”, disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).