Da Agência Brasil Brasília - O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse hoje (25) que a fiscalização contra o trabalho escravo, suspensa em protesto contra “interferência políticas” e “desqualificações” de senadores, voltará à normalidade quando os auditores fiscais se sentirem seguros para retomar as atividades.

Para Lupi, a ação do grupo de fiscalização deve ser “para todos”, de maneira “republicana”. “Essa paralisação só poderá prejudicar o cumprimento da legislação momentaneamente.

Os auditores vão perceber e avisar ao ministério no momento em que se sentirem seguros”, explicou.

A decisão da Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego de suspender as ações do grupo móvel foi comunicada ao ministro Carlos Lupi na sexta-feira (21).

A secretária Ruth Vilela, responsável pelas ações do grupo, explicou que a decisão foi tomada após “recente desqualificação” feita pela Comissão Temporária Externa do Senado sobre a existência de trabalho escravo apurada pelo ministério em uma fazenda da empresa Pará Pastoril Agrícola (Pagrisa), situada no município de Ulianópolis, no Pará. “O trabalho foi suspenso porque houve uma pressão muito forte na Pagrisa do Pará, que fez com que os auditores se sentissem inseguros no seu trabalho.

Como esse grupo de trabalho não tem uma direção política, justamente para ter independência, eles se sentiram inseguros e estão solicitando a suspensão até sentirem segurança novamente”, explicou o ministro do Trabalho, que participou hoje da Fenashore 2007, a feira de tecnologia naval e offshore que acontece até quinta-feira (27) em Niterói (RJ).

Indagado sobre as providências que o Ministério do Trabalho estaria tomando, Lupi disse que “a Secretaria de Inspeção do Trabalho já está tomando as atitudes”. “Eu, como ministro do Trabalho, procuro não interferir na ação de fiscalização, que tem que ser republicana, para todos.

Eu como ministro não posso dizer para o auditor fiscal faz isso, fiscaliza aquilo.

Estou esperando eles avaliarem as condições de trabalho necessárias para continuar o trabalho, que voltará a ser feito.” Mais cedo, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, também comentou a situação e anunciou que vai se reunir ainda hoje (25) com Lupi para pedir que o grupo seja reativado enquanto se discute as divergências com os senadores da comissão externa.

O ministro Vanucchi é presidente da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, espaço de acompanhamento do governo e da sociedade civil sobre o tema.