Mais um incidente põe em cena o modo conservador e autoritário como Dom José Cardoso Sobrinho se acostumou a dirigir a Arquidiocese de Olinda e Recife.
Dessa vez, a mão pesada do arcebispo atingiu o pároco do bairro de Casa Forte, padre José Edwaldo Gomes, que havia sido denunciado por ele, no início do ano, à Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), no Vaticano.
A denúncia à CDF - espécie de fiscal dos cânones católicos no mundo - contava que, na celebração do Jubileu de Ouro (50 anos de Ordenação) de Padre Ewaldo, realizada em dezembro passado, na igreja de Casa Forte, dois bispos anglicanos participaram da cerimônia.
Um deles concelebrou, o que contraria o Cânon 908 do Código de Direito Canônico.
Em resposta enviada a Dom José, em junho, a CDF exigiu uma retratação do erro cometido pelo padre, com pedido de perdão, a serem publicados em órgão oficial da Arquidiocese. “É o que estou fazendo com humildade e reafirmando o meu amor e fidelidade à Santa Igreja, a cujo serviço consagrei minha vida”, diz um trecho da carta de Padre Edwaldo, publicada na última edição do jornal A Mensagem Católica (julho/ agosto, No 147).
O documento, que toma toda a página três do tablóide, sob o título “Aos leitores da Mensagem Católica”, tem data de 15 de agosto e menciona uma segunda sanção que o padre Edwaldo terá de cumprir. “Oportunamente, com a graça de Deus, cumprirei uma segunda penalidade que me foi imposta”, escreveu o pároco, sem revelar qual será a punição.
SEGUNDA PENALIDADE No texto publicado no jornal da Arquidiocese, Padre Ewaldo fez um breve histórico do episódio.
Ele lembrou, inclusive que, ao ser questionado oficialmente por Dom José em fevereiro passado, enviou-lhe uma primeira carta com explicações. “Devo dizer a V.
Excia. que, lamentavelmente, tomado pela emoção do momento, não me ocorreu à mente estar infligindo alguma lei ou determinação da nossa Igreja e me preocupei mais com o acolhimento ecumênico.
Desejo que fique bem claro não ter havido de minha parte uma desobediência formal consciente e, em consciência, afirmo não ter tido intenção de me colocar contra as leis da Igreja”, esclareceu naquele primeiro texto. “Se ao longo destes meus 50 anos de Sacerdócio, apesar das minhas limitações e fragilidades, procurei ser digno do Ministério que foi confiado, não seria agora, na minha idade avançada e em data tão significativa, que iria fazê-lo”, escreveu.
A carta chegou a ser enviada à CDF, no Vaticano, junto com uma declaração dos bispos católicos que participaram da cerimônia de seu Jubileu de Ouro.
Não adiantou.
Padre Edwaldo teve de se retratar.
Procurados pela reportagem do JC nesta terça (26), padre e Arquidiocese não quiseram comentar o assunto.
Mais, daqui a pouco.