Por Ayrton Maciel Da editoria de Política do JC Em reação imediata à moblização dos defensores de um projeto de emenda constitucional (PEC) que acabe com o nepotismo na Assembléia Legislativa, os parlamentares favoráveis à pratica fizeram circular, ontem, na Casa, uma lista que teve rápida adesão de 35 dos 49 deputados, na qual ratificam a posição de esperar primeiro pela decisão da Câmara Federal sobre a questão.
Com uma articulação sorrateira – nem mesmo os favoráveis à extinção imediata do nepotismo na Casa identificaram os autores do abaixo-assinado –, os deputados firmaram um pacto corporativo para preservar do desgaste político os autores e companheiros que coletavam as assinaturas.
A mobilização dos contrários à extinção do nepotismo por iniciativa da Assembléia acabou liquidando a possibilidade de um projeto de autoria da Mesa da Casa ou do grupo de parlamentares antinepotismo. “A apresentação de uma PEC exige a assinatura de no mínimo 17 parlamentares.
Já éramos 11.
Essa reação pode ser o sinal do efeito jetom.
Naquela ocasião, as Casas Legislativas avançaram no debate sobre o fim do jetom antes da Câmara, que de repente aprovou o seu fim”, relembrou Teresa Leitão (PT), sem identificar os autores do abaixo-assinado pró-nepotismo. “Já são 35 assinaturas.
Quando cheguei, tinha 33. É perda de tempor apresentar uma PEC”, reparou o líder do PT, André Campos, diante da meteórica adesão à lista do nepotismo.
O grupo a favor do fim imediato da prática reúne ainda Luciano Moura (PCdoB), Pedro Eurico e Terezinha Nunes, do PSDB, Isabel Cristina, Sérgio Leite e Isaltino Nascimento, do PT, Ceça Ribeiro e Airinho (PSB) e Clodoaldo Magalhães(PTB).
Um mistério, porém, rondou a articulação dos idealizadores da lista assinada por 35, que diz: “Você concorda que deve-se aguardar o projeto da Câmara Federal?”.
Essa é a posição do presidente da Casa, Guilherme Uchoa (PDT), que não foi à sessão nem respondeu ao telefone.
Todos evitaram apontar autores, formando um pacto de silêncio. “Eu sempre defendi que se espera a Câmara, por isso assinei”, revelou Augusto Coutinho (DEM), que encontrou reunidos Emanuel Bringel (PSDB), Izaías Régis (PTB), Sebastião Rufino e Maviael Cavalcanti (DEM), e Clodoaldo Magalhães, até então na cota dos que pediam o fim imediato.
Clodoaldo não foi à sessão e estava com o celular desligado.
O vice-líder do governo, Sívio Costa Filho (PMN) também revelou indefinição sobre a posição do momento. “Sou a favor do fim do nepotismo, mas acho que o projeto tem que ser da Mesa”, afirmou, negando ter assinado a lista.
A pressão da maioria contrária a um projeto da Mesa ou de grupo foi tamanha que o primeiro vice-presiente, Izaías Regis (PTB), reviu posição do dia anterior, prevendo uma proposta da Casa esta semana. “Partir da Mesa, não partirá.
Se eles (a minoria) apresentarem, a Mesa é obrigada a tramitar.
Uchoa mesmo falou que se a maioria quiser, o projeto tramitará.
E eu apresento uma emenda estendendo o fim do nepotismo às Câmara de Vereadores”, complementou.