A polêmica da fiscalização de trabalho escravo no Pará Do Blog de José Dirceu Muito grave, se verdadeira, toda essa novela sobre ações contra o trabalho escravo no Pará.
De duas, uma.
Ou a Secretaria de Inspeção do Ministério do Trabalho é totalmente irresponsável e precisa ser reformulada ou os senadores são totalmente irresponsáveis e precisam ser denunciados.
A verdade nua e crua é que uma Comissão Especial Externa do Senado, composta por vários senadores, nenhum do PT, foi à Fazenda Pagrisa, no Pará, produtora de álcool, que vende a Petrobras, e diz que não constatou trabalho escravo.
Pelo contrário, o presidente da comissão, senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB de Pernambuco, ex-prefeito e ex-governador, distribuiu nota afirmando que a relatora da Comissão, senadora Kátia Abreu, do DEMO de Goiás, altamente suspeita já que é ruralista de quatro costados, contesta o relatório da Inspeção do Trabalho e afirma que a empresa oferece condições adequadas de trabalho.
A fiscalização do Ministério do Trabalho foi clara, classificou as condições de trabalho como análogas à do trabalho escravo, e a Petrobras suspendeu as compras de álcool da Pagrisa com base nesse relatório.
Logo, é preciso que o governo e o ministro Carlos Lupi, que suspendeu a fiscalização a pedido da secretária responsável, Ruth Vilela, venha à público esclarecer a sociedade.
Ou temos uma fiscalização independente e eficaz ou a cada caso os interesses empresariais e políticos se imporão e toda fiscalização será contestada.
Não sei como um senador do Pará, Flexa Ribeiro, do PSDB, pode fazer parte a comissão, já que são conhecidas suas relações com a empresa fiscalizada.
Ou seja, ficamos à mercê das pressões das entidades ruralistas e dos senadores ligados ou não ao agronegócio.
Se a fiscalização foi feita de má fé para prejudicar a empresa e os senadores e a empresa têm razão, toda Secretaria de Inspeção do Trabalho precisa ser removida e toda política de combate ao trabalho escravo revista.
O que não podemos é deixar de combater o trabalho escravo.
Uma realidade que nos envergonha e nos expõe ao escárnio mundial, à condenação de entidades internacionais. É urgente que o governo se pronuncie e esclareça quem tem a razão.