O procurador Marcos Costa, do Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco espera receber nesta segunda (24) relatório da empresa Consulplan com a defesa para uma série de irregularidades que teriam acontecido no concurso da Chesf, realizado no mês passado.

Na terça da semana passada, dia 18, Costa ouviu advogados da Consulplan e representantes da área de recursos humanos da Chesf.

No encontro, questionou a empresa sobre as denúncias que foram encaminhadas formalmente ao MPF por candidatos que se julgam prejudicados.

De fato, como o Blog de Jamildo vem noticiando desde o período de inscrições, o concurso da Chesf pode até não ter apresentado ilegalidades.

Isso quem vai dizer é a Justiça, caso o MPF apresente uma denúncia formal.

Mas que foi mal realizado, do ponto de vista da administração do processo seletivo, isso foi.

De saída, a Consulplan tentou comercializar apostilas, o que é eticamente questionável já que a empresa organiza o concurso.

O próprio MPF mandou a Consulplan disponibilizar o material de graça, via internet.

Depois, pelo menos na Região Metropolitana do Recife, a Consulplan promoveu uma verdadeira confusão ao estabelecer os endereços em que os candidatos fariam suas provas.

Boa parte deles teve de cruzar o Grande Recife para realizar os exames.

ANULAÇÃO A entrega de provas trocadas também determinou a anulação de parte do concurso para alguns cargos.

Mas um grupo de candidatos pede ao MPF a anulação total do processo diante da enxurrada de irregularidades que teriam sido registradas antes, durante e depois dos exames.

Para os denunciantes, a chave para entender o porquê de tantos problema está na forma como a Chesf selecionou a empresa que ficaria responsável pela organização.

No pregão eletrônico que realizou para escolher os organizadores, a estatal falava apenas no preço das inscrições, que deveriam ser os menores possíveis.

Segundo os candidatos que denunciaram a Consulplan ao MPF, o contrato não tocou no assunto “qualidade de serviços”.

A Consulplan estabeleceu, então, preços de inscrição, em média, 75% abaixo do que a própria Chesf recomendava.

E ganhou o pregão.

Resultado: recorde de inscrições, com 860 mil candidatos concorrendo, em vários Estados do Nordeste, a 67 cargos entre os níveis fundamental, médio e superior.

O grande volume de inscritos aliado à pouca experiência da Consulplan para fazer um concurso de dimensões nacionais teria ocasionado a sucessão de erros. “O concurso deveria ser anulado e realizado por outra instituição competente.

Chega-se a pensar que a Chesf ou não está entendendo o que aconteceu ou está omissa”, disse um dos denunciantes que acompanhou a reunião realizada na última terça no MPF.

Espera-se que a partir de amanhã, a Consulplan tenha respostas realmente convicentes.

Ou que, na falta delas, o MPF leve a denúncia à Justiça.

IRREGULARIDADES Abaixo, um resumo dos principais problemas listados pelo grupo de candidatos que procurou o MPF. 1.Questões copiadas de provas anteriores. 2.Problemas técnicos na página da Consulplan na internet para quem queria apresentar recursos sobre questões de provas.

Simplesmente, não havia um comando ENVIAR. 3.Mudança de perfil do exame.

Os cadernos de provas vieram orientando os candidatos a responderem todas as questões, ao contrário do que mandava o editial: as pessoas não deveriam responder uma questão sobre a qual não tivessem certeza, já que cada erro anularia um acerto. 4.Os candidatos aos cargos de Engenheiro Agrônomo e Engenheiro Agrícola tiveram os conteúdos de suas provas trocados. 5.A Consulplan fez leitural manual de cerca de 62.500 cartões-resposta, gerando grande possibilidade de erro na finalização das notas.

Tanto que foi aberto um período extra para que os interessados pudessem apresentar recursos contra as pontuações, medida inédita em concursos públicos no País.

O relatório dos candidatos denunciantes denuncia outras dez irregularidades.