Com criticas à “opressão agressiva da mídia” e à “veemência populista de discursos farisaicos”, o advogado Eduardo Ferrão abandonou a defesa do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), oficialmente, dois dias depois de ele ter sido absolvido em plenário, em sessão secreta, por 40 votos e 6 abstenções, da acusação de quebra de decoro por ter tido despesas pessoais com a jornalista Mônica Veloso, supostamente, pagas pelo virtual lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior.

Os motivos da decisão de Ferrão foram expostos numa carta supostamente enviada a Renan na semana passada, mas divulgada apenas ontem.

Nela, Ferrão alega que, com a absolvição de Renan, seu papel na defesa do senador foi cumprido.

Na carta, além de atacar todos os que estão contra Renan, Ferrão elogia o ex-cliente. “Corajoso, sem arrogância, sereno, sem esmorecimento, perseverante, sem teimosia, humilde, sem subserviência, cauteloso, sem covardia, enfim, um verdadeiro presidente”, afirma.

Ele negou que abandonasse a defesa de Renan de uma hora para outra.

Na versão do advogado, o afastamento tinha sido previamente acertado.

Por esse acordo, revelado somente agora, Ferrão não defenderia o presidente do Senado nas outras três representações que estão no Conselho de Ética. “Até porque as outras (ações) não são consistentes.

O caso de Renan é envolvente, ou melhor, absorvente, e eu tenho outros clientes, aos quais também preciso me dedicar.

Foi uma honra defender o senador e com ele criei vínculos de amizade”, disse.

Entre os advogados criminalistas, o anúncio da retirada de Ferrão não foi recebido com surpresa.

A avaliação foi a de que o escritório dele sofria desgaste com as reviravoltas do caso e que a denúncia contra as supostas rádios ocultas de Renan seja mais complicada.