Da Editoria de Política BRASÍLIA – Ex-assessor especial da Presidência, o empresário Oded Grajew usou ontem seu tempo no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) para criticar o Senado e a falta de posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Grajew chegou a dizer que pediria um minuto de silêncio pelo “falecimento ético e moral do Senado brasileiro”, mas teria mudado de idéia dado ao “clima de otimismo” da reunião.
No salão Oeste do Palácio do Planalto, pouco tempo depois de o presidente sair do encontro, Grajew criticou Lula por, até hoje, não ter tomado uma posição sobre o processo que terminou com a absolvição de Renan no processo de cassação por quebra de decoro. “Ele devia primeiro emitir sua opinião, ter a coragem de emitir a sua opinião.
Dizer se ele acha que o Renan Calheiros deve se afastar, se ele é inocente.
Emitir sua opinião”, afirmou. “Isso não significa que o Senado não pode resolver as coisas.
Acho que emitir opinião é importante para o presidente como para qualquer brasileiro.” Até agora, em todas as vezes que tratou do assunto, Lula se recusou a dizer se acredita ou não na inocência de Renan.
Em Madri, chegou a dizer que não se tratava de acreditar ou não, que não era juiz e não poderia emitir uma opinião.
Para o presidente, a cassação ou não do senador “é um problema do Senado”.
Ex-assessor especial da presidência, Grajew era o responsável por tentar aproximar governo e empresas.
Deixou o cargo ainda no primeiro ano, em novembro de 2003, afirmando que sua tarefa estava cumprida – mas continuou a defender o governo Lula.
Hoje, é presidente do conselho deliberativo do Instituto Ethos de Responsabilidade Social e um dos membros do CDES.
O secretário-geral do CDES e ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, não quis avaliar as críticas feitas por Grajew. “O conselho é um espaço de diálogo.
Cada conselheiro tem o direito de vir aqui e dizer o que pensa”, disse. “Não posso emitir juízo de valor sobre a opinião de um conselheiro”.