Professor da Universidade Federal de Viçosa defende aterro sanitário aliado à produção de adubo e à reciclagem Da Gazeta de Ribeirão A queima de lixo para a produção de energia elétrica não é uma solução adequada para a realidade brasileira.

A opinião é de João Tinoco Pereira Neto, engenheiro sanitário e professor da Universidade Federal de Viçosa (MG).

A queima de lixo é uma das alternativas que alguns vereadores de Ribeirão Preto defendem em relação ao aterro sanitário, considerado ultrapassado.

Segundo Pereira Neto, a queima de lixo pode ser vantajosa para países que não dispõem de matriz energética. “O Brasil dispõe de outras alternativas energéticas, como a hidráulica, a eólica (vento) e a solar.

Queimar o lixo vai exigir o consumo de outro tipo de energia.

Não compensa”, afirma.

De acordo com o professor, no Brasil, todas as usinas que produzem energia a partir do lixo se mostraram economicamente inviáveis.

A destinação ideal para o lixo, diz o professor, é uma combinação de aterro sanitário, compostagem (produção de adubo) e reciclagem.

Para Pereira Neto, um país com a tradição agrícola do Brasil não pode queimar lixo orgânico (restos de comida, frutas e legumes). “Esse material deve ser destinado à produção de adubo, para fertilizar o solo.” Para ele, usar o lixo orgânico para a geração de energia, com biodigestores, também não compensa.

Indagado se a vantagem, nessa hipótese, não estaria na geração de créditos de carbono, Pereira Neto declarou que a transformação de matéria orgânica em adubo também gera crédito porque, com a compostagem, se evita a poluição por gases de efeito estufa.

Ainda segundo o professor, a maioria dos países industrializados adota a solução da compostagem aliada à reciclagem e ao aterro sanitário. “Para o aterro só vai aquilo que realmente não puder ser aproveitado.

Essa prática, além de mais econômica, permite que os aterros tenham uma vida útil maior.” Ribeirão produz diariamente 500 toneladas de lixo.