A revelação está na reportagem “Ainda chefe, mas de outra turma da pesada”, que a revista Veja publica nesta semana.

Leia os principais trechos da seção Perguntas & Respostas, da edição on line da revista.

PERGUNTAS & RESPOSTAS No final de 2004, um obscuro executivo iraniano radicado em Londres se transformou no grande ídolo da segunda maior torcida do país.

O dinheiro que Kia Joorabchian despejou no Corinthians rendeu um time de estrelas e um título importante - campeonato brasileiro de 2005.

Três anos depois, porém, Kia passava de herói a vilão do Corinthians.

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público revelaram que os negócios da MSI são irregulares.

Qual era o objetivo declarado da parceria entre Corinthians e MSI?

O acordo, costurado em 2004, previa um período de investimento de dez anos pela Media Sports Investments, a MSI.

O empresário Kia seria o representante do fundo de investidores no país, responsável por gerenciar os recursos externos e fechar negócios em nome do Corinthians.

Fora de campo, qual foi o desfecho da parceria entre empresa e clube?

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público identificaram uma longa lista de crimes no clube.

Há suspeitas de evasão de divisas e sonegação fiscal.

Gravações telefônicas interceptadas com autorização judicial mostram Kia falando abertamente em lavagem de dinheiro.

Um inquérito da PF também investigará dirigentes do clube e da MSI por formação de quadrilha.

Quais são os principais personagens do escândalo e seus crimes?

Em julho de 2007, a Justiça Federal determinou pedido de prisão preventiva contra Kia Joorabchian e o magnata russo Boris Berezovski, o principal investidor da MSI.

Se Kia e Berezovski entrarem no país, serão presos.

Conforme os autores da denúncia, os procuradores Rodrigo de Grandis e Silvio Martins de Oliveira, a “quadrilha” corintiana movimentou cerca de 61 milhões de reais de origem ilícita.

Qual é o personagem decisivo para o desfecho de todo o episódio? É o magnata russo Boris Berezovski, uma das figuras mais controvertidas do neocapitalismo pós-soviético.

Homem de múltiplos talentos, Berezovski entrou para o mundo dos negócios com o colapso do comunismo e enriqueceu com as privatizações no regime de Boris Ieltsin.

Com a ascensão de Vladimir Putin em 2000, Berezovski caiu em desgraça.

Acusado de corrupção e ligação com a máfia russa, exilou-se na Inglaterra.

Outro fato grave ligado ao russo é a revelação, nos grampos da PF, de toda a mobilização política para permitir que Berezovski visitasse o Brasil, fizesse mais negócios e até falasse com o presidente Lula.

Quem estava por trás das tentativas de trazer o russo até Brasília?

O ex-ministro e ex-deputado José Dirceu, que teve três encontros com o enroladíssimo magnata, dono de uma fortuna avaliada em 10 bilhões de dólares.

De acordo com um petista familiarizado com os negócios de Dirceu, o principal assunto entre o ex-deputado e Berezovski foi a Varig – seu fundo de investimento teria 1 bilhão de reais que seria destinado à compra da empresa.

O papel de Dirceu, ainda segundo esse petista, era convencer o governo brasileiro a colocar 100 milhões de reais na transação por meio do BNDES.

Os três encontros de Dirceu com Berezovski ocorreram numa mansão no bairro do Pacaembu, em São Paulo.

A idéia de José Dirceu, conforme comentou com um interlocutor, era arrancar uma comissão de uns 20 milhões de dólares intermediando o negócio da Varig e, com isso, pagar campanha eleitoral para o PT.

Um dia depois de se reunir pela última vez com Dirceu, o magnata russo foi interrogado durante oito horas pelos 2 procuradores que investigam a MSI.

Quais serão as possíveis conseqüências do escândalo no futebol?

O Congresso Nacional decidiu acompanhar mais de perto os negócios envolvendo clubes e empresários.

Depois de uma audiência pública sobre o caso Corinthians-MSI no mês de setembro, a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara decidiu investigar a fundo as transações do futebol, com apoio da Receita Federal.