A Folha de S.Paulo traz hoje reportagem lembrando que faz exatamente um ano que o petista Valdebran Padilha e o assessor da campanha presidencial Gedimar Passos foram presos em um hotel em São Paulo com uma pilha de dinheiro que seria usado para comprar um dossiê contra políticos do PSDB.

A origem do R$ 1,7 milhão apreendidos pela Polícia Federal com a dupla até hoje é um mistério.

O episódio que a maior crise da campanha pela reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva e para analistas, foi determinante para a decisão em segundo turno - antes, a vitória de Lula no primeiro turno era dada como certa.

O próprio presidente, ao falar sobre o episódio, disse que era obra de “aloprados”, termo que entrou para a crônica política.

Entre os personagens do escândalo, estavam Jorge Lorenzetti, coordenador da área de inteligência da campanha, Oswaldo Bargas, amigo de Lula desde os anos 70, Expedito Veloso, na época diretor de departamento do Banco do Brasil, e o próprio coodenador da campanha, Ricardo Berzoini.

Em São Paulo, Hamilton Lacerda, um dos coordenadores da campanha ao governo estadual do senador petista Aloizio Mercadante, foi apontado como o responsável por carregar o dinheiro.

O inquérito sobre o caso está no Supremo Tribunal Federal desde 2006.

Em abril passado, os ministros entenderam que Mercadante não tinha participação no episódio.

Confirmaram, assim, o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, que dizia não haver razão para manter a investigação na corte -a única seria o descartado envolvimento do senador, que tem direito a foro privilegiado.

O inquérito continua no STF porque o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo para avaliar uma outra questão que ainda será votada: a PF pode ou não conduzir inquérito e indiciar investigados quando se trata de autoridades com foro especial?

Segundo Mendes disse à Folha, o processo será levado à votação esta semana.

Depois deve tramitar na Justiça Federal de Mato Grosso.

Para Antonio Fernando, a PF não poderia, como fez no caso do dossiegate, ter indiciado Mercadante pela prática de crime eleitoral, sob o argumento de que ele seria o principal beneficiado pela negociação.

Enquanto isso, no PT, Berzoini voltou à presidência do partido, Lorenzetti e Lacerda se desfiliaram.

Teoricamente, há uma comissão de ética contra Bargas e Veloso.

Sobre a origem do dinheiro, até agora nada.