No Senado, usando a presidência e o regimento da Casa como instrumentos de pressão, o senador Renan Calheiros conseguiu escapar do primeiro processo que corre contra ele por quebra de decoro.
Outros dois estão tramitando e há uma representação que pode virar o quarto processo.
Mas diante do que aconteceu na sessão secreta da última quarta (12), quando Renan se safou com 40 votos a seu favor, 35 contra e 6 abstenções, as chances de que o Senado possa cassar seu presidente parecem muito reduzidas.
Mesmo diante de qualquer prova.
O problema agora, para o senador, é que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, solicitou ao Senado todas as informações referentes às deúncias contra o peemedebista.
Isso para municiar o inquérito instaurado a seu pedido, no Supremo Tribunal Federal (STF), desde o dia 6 de agosto.
Já foi incluído no inquérito, que corre em segredo de justiça, o laudo da Polícia Federal feito a pedido do Conselho de Ética do Senado.
Trata-se da documentação apresentada para comprovar a origem de seus rendimentos.
A PF achou inconsistências e incompatibilidades.
O procurador quer agora informações como declarações de renda de Renan desde 2000, sua movimentação bancária com base no cadastro da CPMF e as cópias dos processos no Conselho de Ética do Senado.
Um dos argumentos que Renan utilizou em sua defesa na última quarta foi justamente dizer que seu julgamento deveria ser jurídico e não político.
Segundo o senador, não havia provas contra ele e os processos instaurados no Conselho de Ética visavam à desestabilização do governo Lula.
O que se viu no Senado foi o contrário.
Renan escapou porque o julgamento foi essencialmente político e teve, inclusive, a participação do governo para salvar seu pescoço.
A análise jurídica vem agora no STF, sob a vigilância do procurador-geral da República.
E tudo pode ser diferente.
Basta lembrar o caso do mensalão.
Na Câmara, apenas três deputados perderam os mandatos.
No STF, após a denúncia formulada por Antônio Fernando de Souza, abriu-se há duas semanas processo contra 40 suspeitos, entre parlamentares, lobistas, publicitários e banqueiros.
Os próximos capítulos prometem.