Da Folha de S.

Paulo O ministro da Defesa, Nelson Jobim (PMDB), cometeu uma gafe ao discursar ontem, em Salvador, para cerca de 200 marinheiros e representantes de ONGs durante encontro promovido pela Organização Marítima Internacional, uma agência da ONU (Organização das Nações Unidas).

Pouco depois de cumprimentar as autoridades - entre as quais o governador em exercício da Bahia, Edmundo Pereira (PMDB) -, Jobim afirmou, em discurso de improviso, que os baianos não gostam de trabalhar. “Não trabalhem demais, porque isso baiano não gosta”, afirmou, dirigindo-se aos marinheiros e representantes de ONGs.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), estava nos EUA e não participou do encontro.

O antecessor de Jobim no ministério, Waldir Pires, que é baiano, não foi localizado pela reportagem ontem para comentar a declaração de Nelson Jobim.

Mais tarde, em entrevista, Jobim recuou da declaração. “Não disse que o baiano não gosta de trabalhar.

Disse que o baiano é inteligente, que sabe que trabalhar, e só trabalhar, dá neurastenia e intolerância.

Agora, trabalhar com lazer e prazer, que é que o baiano faz, é o que traz a possibilidade de sorrir”, afirmou.

O encontro de ontem foi realizado em Guarajuba, no litoral norte de Salvador, em um hotel à beira-mar.

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na Bahia, Saul Quadros, reagiu à declaração de Jobim. “O ministro, a despeito de ser um grande jurista, certamente cometeu não só uma gafe imperdoável mas ofendeu a todos que aqui nasceram, vivem e trabalham muito.

Afirmações desse tipo só reforçam posturas preconceituosas que em nada somam para o engrandecimento da nação”, disse Quadros.

De acordo com o presidente da OAB na Bahia, “a melhor postura para o ministro agora seria se retratar e pedir desculpas aos baianos”.