Por Fernando Castilho, da coluna JC Negócios No final do segundo turno, um discurso da oposição ao governo Lula da Silva cravou a interpretação de que sua vitória deveu-se ao Nordeste analfabeto, miserável e suscetível ao assistencialismo barato do Bolsa-Família, conduzindo-se ao raciocínio que o presidente comprara corações, mentes e a barriga dos nordestinos que lhe deram 72% de votos.
Os números da Pesquisa Nacional de Amostras Domiciliares (Pnad) de 2006 revelam que pode ter sido tudo isso, mas os nordestinos tinham motivos econômicos para fechar com Lula, afinal a renda na Região cresceu 12,1% comparado com 2005.
Para se entender porque hoje rigoramente nada de ruim pega no presidente Luiz Inácio Lula da Silva é preciso se despir da inquietação que a classe média, efetivamente, tem hoje com a perda de poder aquisitivo.
E do argumento indecente de que os governos anteriores faziam a mesma coisa.
Como se a maioria das pessoas não tivesse votado no PT, exatamente para acabar com isso.
Mas voltemos às contas da Pnad.
O ganho real do salário mínimo foi de 13,3% em 2006 comparado com 2005.
E onde é que o salário mínimo é mais representativo?
No Nordeste.
O rendimento dos domicílios passou de R$ 1.494, em 2004, para R$ 1.568, em 2005, e R$ 1.687 em 2006.
Mas onde os índices de crescimento foram maiores?
No Nordeste (11,7% contra a média nacional de 5%).
Tem mais: Nas crianças de 7 a 14 anos de idade, no Nordeste, enquanto em 1996 13,6% não freqüentavam a escola, ano passado, o percentual foi de 3,1%, puxado pelo Bolsa-Família.
E aí?
O cidadão baixa renda tinha razão para votar em Geraldo Alckmin?