Por Inaldo Sampaio, na coluna Pinga Fogo Pois é.
Contrariando as expectativas da maioria do povo brasileiro, o Senado absolveu Renan Calheiros da acusação de ofensa ao decoro parlamentar.
Como diz o senador Demóstenes Torres, do Democratas de Goiás, não vale pôr a culpa no PT ou no governo pelo resultado da votação. “Foi a instituição que o absolveu e ponto final”, disse ele.
Como até a véspera da votação as enquetes dos órgãos de imprensa apontavam um placar favorável à cassação, o que o teria levado à absolvição?
Numa análise preliminar, as principais causas teriam sido essas: 1) A fragilidade do parecer Renato Casagrande/Marisa Serrano restringindo os crimes de Renan à construção de um patrimônio incompatível com a renda.
O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) foi à tribuna e desmontou essa acusação.“Não se deve cassar o mandato de um senador por crime fiscal.
Isso é problema da receita”, disse ele. 2) O discurso intimidatório de Renan, olhando no olho de vários colegas, que, como ele, têm também passado sujo.
Isso pode ter levado muita gente a rever o voto em plena sessão. 3) A partidarização da crise por parte do PSDB e do Democratas, que fecharam questão pela cassação.
Isso pode ter contribuído para dividir o plenário em “oposição” versus “governo”. 4) A estratégia equivocada dos partidários da cassação, designando a ex-senadora Heloísa Helena, que é antipatizada no Senado, para acusar Renan Calheiros.
Renan foi defendido por um craque: Eduardo Ferrão.
Pode ter havido outras razões, que mexeram com o coração da maioria, mas essas, como diz o poeta, a própria razão desconhece.