De olho nos parlamentares Por Isaltino Nascimento Ética na política é um tema que ultimamente tem suscitado discussões das mais variadas.

Principalmente em função da crise moral que se abateu sobre o Câmara e o Senado, após sucessivas denúncias de escândalos.

Por conta disso, ao iniciar minha participação semanal no Blog de Jamildo, a quem agradeço pelo convite, resolvi dividir uma reflexão acerca desta temática com os leitores do blog.

Discorro, especificamente, sobre as atribuições do parlamentar.

A sociedade exige, de forma correta, atitude ética e bom desempenho de vereadores, deputados estaduais e federais, e senadores.

Entretanto, numa atitude paradoxal, na prática, a maioria dos eleitores deixa de acompanhar o trabalho daqueles a quem elegeu.

A atuação em plenário, o trabalho nas comissões, o nível de participação e a presença nas ações externas e internas do Poder Legislativo, além do envolvimento nas questões que dizem respeito ao dia-a-dia da sociedade são atribuições imprescindíveis ao bom desempenho de um parlamentar.

Mas poucos enxergam a importância deste conjunto de ações ou acompanham de perto de que forma aqueles que elegeram estão de fato atuando.

Infelizmente, há quem veja os parlamentares apenas como executores de favores pessoais, secundarizando nosso papel de fiscalizadores dos atos do Poder Executivo, bem como de proponentes e elaboradores de normas.

Quando o fundamental na nossa ótica é cumprir as duas prerrogativas estabelecidas na Carta Magna, colocando-as nas ações coletivas mais amplas possíveis.

Outra visão distorcida leva a exigir do Legislativo a execução de serviços públicos – atividade precípua ao Executivo.

Isso também acaba gerando cobranças indevidas e frustrando as expectativas de quem não diferencia as atribuições inerentes aos dois Poderes.

Apesar disso, é fundamental reconhecer que muitas das cobranças ou críticas à ação e ao papel do Parlamento são pertinentes e feitas de maneira correta.

O senso crítico, a cobrança, o protesto, a indignação, as manifestações das mais variadas possíveis são necessárias.

Isso fortalece as sociedades democráticas.

Mas insisto, é preciso ir além, e fazer o acompanhamento permanente da ação parlamentar.

Seja ela positiva ou negativa.

Assim, creio ser possível ajudar a combater maus hábitos e contribuir para a depuração de atitudes equivocadas, que tanto maculam o Parlamento brasileiro.

E, conseqüentemente, contribuir para a construção de ações amplas, coletivas, plurais, éticas. É uma reflexão que somo ao debate.

Afinal, estamos nos referindo a um dos pilares da democracia, ao qual devemos zelar, sempre.

PS: Isaltino Nascimento, deputado estadual pelo PT, é líder do governo na Assembléia Legislativa e escreve às terças-feiras no Blog de Jamildo.