A foto acima é mais uma saída do baú político do leitor Roberto Vieira.

Mostra o senador Marcos Freire colocando seu voto em urna do Clube Português do Recife, na primeira eleição direta para o governo do Estado depois do golpe militar de 64.

Freire disputou e foi derrotado por Roberto Magalhães.

Cinco anos mais tarde, já como ministro do governo Sarney, morreria em acidente aéreo, que está completando 20 anos.

Abaixo, o texto de Roberto Vieira.

VINTE ANOS DEPOIS… 1982.

O Senador Marcos Freire coloca seu voto nas urnas do Clube Português do Recife onde chega acompanhado do Deputado Federal Fernando Coelho.

Freire enfrentou divisões políticas e a divulgação de panfletos anônimos contra a sua família.

Vinte anos após a sua morte este é um momento simbólico em nossa história. 1982.

O Brasil vivendo os estertores da ditadura militar, assistindo ao embate entre a nova e a antiga esquerda.

A nova geração de Marcos Freire e Jarbas Vasconcelos não deseja ficar em segundo plano quando do retorno dos líderes anistiados como Miguel Arraes.

A direita assiste tudo na arquibancada do poder.

Sua estratégia de somar para dividir tem êxito e Marcos Freire é derrotado nas suas pretensões de tornar-se governador do Estado.

Perde para Marco Maciel, Roberto Magalhães e o voto dos crustáceos.

Conta uma antiga lenda que Geisel e Golbery se debatiam em dúvida em 1978.

O MDB ficava cada vez mais forte apesar do Pacote de Abril de 1977.

O que fazer?

Surgiam novas lideranças, novas idéias, novas utopias, apesar da censura, dos calabouços e cala-bocas, dos seqüestros, das chantagens, dos panfletos anônimos.

Um coronel assistindo ao desespero do comando militar ousou propor uma solução inusitada. “Por que os senhores não decretam uma anistia.

Ampla, geral e irrestrita?” Ante o olhar incrédulo de Geisel e Golbery, o coronel completou seu raciocínio: “Muita gente imagina que Franco venceu a guerra civil espanhola.

Puro engano, meus generais!

Os anarquistas brigavam com os comunistas, que brigavam com os socialistas, que matavam os stalinistas, que executavam os trotkistas.

Os fascistas apenas aniquilaram o que restou.

Tragam todo mundo de volta e eu lhes garanto.

Nas disputas internas pelo poder a esquerda se derrota sozinha.”