Por Roberto Vieira 1972.
A televisão e o rádio viviam tocando insistentemente uma música sobre o Sesquicentenário da Independência.
Além das propagandas como a da foto.
No colégio só se falava nos 150 anos do Grito do Ipiranga e no desfile do 7 de setembro.
O Brasil havia vencido a Minicopa derrotando por 1x0 a antiga metrópole portuguesa.
Gol de Jairzinho de cabeça aos 44 minutos do segundo tempo.
Gerson recebeu a taça de Médici.
Eusébio até jogara aqui pertinho, no Estádio do Arruda.
O país do futuro.
Naquele passado risonho a idéia de um ministro civil passando o pito em militares era digna de um espetáculo de Chico Anísio ou Juca Chaves.
Ambos proibidos para menores de idade.
Talvez por isso mesmo, quando Nelson Jobim desafia os generais, algo no coração de mlhões de brasileiros que possuem quarenta, cinquenta anos fala mais alto.
Como se a gente lembrasse dos coturnos pisando firme na Avenida Conde da Boa Vista, dos jornais censurados nas bancas e das aulas de história que esqueciam alguns trechos dessa mesma história.
E lembrando do passado a gente murmurasse no ouvido de Jobim: “Pare de cutucar onça com vara curta!” Talvez seja mera psicose da idade.
Coisa de quem leu muito Eduardo Galeano e George Orwell.
Delírios de um 7 de setembro.