Da Veja Na Páscoa de 2006, Bruno fez uma viagem de carro com o sogro a Arraial d\Ajuda, na Bahia.

O casamento dele com a assessora de Renan já estava degringolando, mas Coelho fez uma proposta ao genro.

O lobista confidenciou que estava prestes a entrar num grande negócio e queria que ele coordenasse o início das operações.

O plano de Coelho era construir um resort de luxo em Trancoso, na Bahia, com dinheiro do fundo de pensão dos Correios, o Postalis.

O resort custaria 250 milhões de reais, mas a idéia era estimar o investimento em 500 milhões de reais, para que o fundo, ao arcar com aparentemente metade do empreendimento, pagasse tudo.

O banco BVA ficaria responsável por avalizar o negócio.

Bruno presenciou uma reunião na casa do sogro em que o assunto foi discutido e na qual estavam presentes o presidente do BVA, José Augusto dos Santos, e o então presidente do Postalis.

Segundo Bruno, o lobista disse que Renan seria um dos sócios, por causa da influência que o PMDB tinha junto aos fundos de pensão.

O negócio não foi para a frente?

Eles ainda estavam negociando a compra do terreno.

O Luiz me contou os planos, me convidou para participar, mas eu não aceitei.

O Renan participaria do negócio?

Meu ex-sogro disse que ele poderia ser um dos sócios.

Bruno Lins conta ainda que esteve com o senador Renan Calheiros no dia 28 de junho passado, no escritório do advogado Eduardo Ferrão.

Explica que resolveu procurar o advogado quando começaram a surgir rumores de que suas revelações estariam sendo usadas por um conhecido estelionatário da cidade para extorquir o senador.

Estelionatário por coincidência muito conhecido da família Garcia Coelho.

Ele diz que foi ao escritório para esclarecer que, pessoalmente, nada tinha contra o senador Calheiros.

Explicou ter narrado à polícia as atividades de seu ex-sogro para se defender das ameaças que vinha sofrendo desde que decidiu se separar.

Renan ouviu tudo atentamente – e nada falou.

Nesta semana, o presidente do Congresso será julgado em plenário pelo envolvimento com Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, lobista que pagava suas despesas pessoais