Um dos autores do relatório que pediu a cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador governista Renato Casagrande (PSB-ES), disse em entrevista ao site Congresso em Foco que o desfecho do caso, seja ele qual for, pode atrapalhar a análise da proposta que prorroga por quatro anos a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Se Renan for cassado na sessão secreta da próxima semana, o Senado terá 30 dias para eleger o novo presidente da Casa.

O mesmo acontece se Renan não for cassado mas renunciar à presidência.

As disputas que decorrerão desse processo devem tumultuar as próximas sessões.

Se o peemedebista for absolvido e não renunciar à presidência, a novela aí sim estará longe de acabar, pois ele é alvo de dois outros processos no Conselho de Ética e mais um pode ser aberto a partir da representação apresentada pelo P-SOL na semana passada.

Imaginem se o destino do senador fique travando a pauta do Senado por vários meses (basta lembrar que o processo atual levou três meses para chegar ao plenário).

O processo que está em conclusão agora foi aberto a partir da denúncia de que um lobista pagou a pensão de uma filha que Renan Calheiros teve fora do casamento.

Os outros dois processos são resultado da suspeita de que o senador usou laranjas para operar emissoras de rádio e da denúncia de favorecimento à cervejaria Schincariol.

Como o governo não tem maioria folgada no Senado, a aprovação de uma emenda constitucional (que exige quorum qualificado de 2/3 da casa) fica ainda mais difícil.

O governo precisa de 49 votos entre os 81 senadores.

Como há 31 votos da oposição, a margem do governo é apertada (sem falar que, dos 50 votos da base aliada, um é do próprio Renan) O governo arrecada cerca de R$ 40 bilhões por ano com a contribuição.

A CPMF foi criada em 1997 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Na época, a oposição, liderada pelo PT, posicionou-se contra a matéria.

Originalmente, a idéia era a melhoria da saúde pública.

Contudo, o imposto se notabilizou como forte instrumento arrecadatório.

A contribuição representa 1,4 ponto porcentual da carga tributária brasileira, estimada em 36% do PIB em 2007.