Da Folha Online O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou hoje que o governo federal esteja pressionando integrantes da base aliada para absolverem o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no processo de cassação de seu mandato que será votado pelo Senado na quarta-feira. “O governo não está tratando desse assunto”, afirmou Tarso, após acompanhar o desfile militar na Esplanada dos Ministérios em comemoração ao Dia da Independência.

Questionado se Renan fez falta na cerimônia de comemoração do Sete de Setembro, o ministro reagiu de forma irônica. “Por que sentir falta?

Ele não veio porque não quis”, afirmou. Às vésperas da votação que vai decidir se perderá o mandato, Renan foi a principal autoridade ausente no desfile militar.

O senador optou por passar o feriado em Alagoas, onde vai preparar sua defesa, que será apresentada na quarta-feira durante sessão secreta do Senado que vai votar o projeto de resolução que recomenda a cassação de seu mandato.

Renan é acusado de usar recursos da empreiteira Mendes Júnior –via lobista– para pagar despesas pessoais, como a pensão alimentícia à jornalista Monica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.

Ele nega as acusações.

Reportagem publicada hoje na Folha (íntegra disponível para assinantes da Folha ou do UOL) informa que o Planalto trabalha nos bastidores para evitar a cassação do presidente do Senado.

A Folha apurou que o ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, e a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), têm procurado dirigentes de partidos aliados e senadores que apóiam o governo para dizer que não interessa ao Planalto a cassação de Renan.

O lobby pró-Renan é discreto porque a posição oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é não se intrometer num assunto do Congresso.

Logo após o começo do caso Renan, no fim de maio, o governo chegou a avaliar que havia chance de ele ser cassado.

Esse prognóstico mudou nos últimos dias, quando articuladores do governo no Senado apresentaram a Walfrido um quadro favorável a Renan em relação à votação da cassação no plenário da Casa.