O medo à vista Por Jânio de Freitas A VOTAÇÃO às claras melhorou em um voto, contra Renan Calheiros, o prognóstico generalizado de que 10 senadores em 15 levariam o Conselho de Ética a propor sua cassação.
Nem sequer dois votos da bancada petista (João Pedro e Augusto Botelho) foram surpreendentes, ao recusar-se a enfrentar a opinião pública nas suas bases, só para seguir a orientação de Lula em apoio de Calheiros.
O resultado não bastou para alterar o esperado da decisão em plenário.
Por isso, ontem mesmo começou, entre senadores, uma espécie de campanha de convencimento contra os efeitos desmoralizantes para o Senado, no caso do previsto êxito final de Calheiros com a ajuda da obrigatória votação fechada.
A sessão do Conselho de Ética demonstrou o quase absurdo que é a necessidade de tanto tempo, com tantas providências, e a tão alto custo financeiro, para a decisão de um caso que só conseguiu para fazer sua defesa dois senadores como Wellington Salgado e Almeida Lima.
O primeiro, Sansão às avessas, não tem força para convencer senador nenhum de coisa alguma; o outro, desde suas estrondosas denúncias vazias, ao tempo de filiado do PDT, faz sempre esperar que sua agressividade não provoque mais do que novos desmentidos.
Não deu outra, no Conselho de Ética.
A repercussão das cenas de rua ocorridas na sessão anterior do conselho, claro que puxadas por Almeida Lima (e, no caso, bem acompanhadas por Tasso Jereissati), fez outra comprovação do efeito positivo que têm as transmissões diretas do Senado e da Câmara.
O que falta ainda são critérios mais submetidos ao interesse público, para determinar as prioridades de transmissão.
Nesse sentido, não se justifica a prioridade absoluta dada aos plenários das duas Casas.
O comum é transmissão de discurseiras fúteis e medíocres, quando não são ainda menos que isso, palavrório só para mostrar a cara, enquanto em várias comissões desenrolam-se depoimentos e debates de grande interesse público.
No mínimo, os critérios de prioridade deveriam reconhecer que essas emissoras não foram criadas como mais um serviço pago pela população para os senadores e os deputados, mas para servir ao público.