Para entender os interesses que giram em torno da antiga Usina Catende e a participação de cada um dos personagens nos embates atuais, é preciso recuar 12 anos no tempo.

A falência da Catende foi decretada pela justiça em 1995.

Para preservar os empregos e manter a usina funcionando, os próprios trabalhadores resolveram assumir a operação.

Na época, contaram com o apoio do então governador Miguel Arraes.

Legalmente, a empresa “Usina Catende” deixou de existir.

Seu patrimônio foi transformado no que se chama de massa falida, sob proteção da 18a.

Vara Cívil do Recife, que tem o dever de preservar o que for possível para pagar os antigos credores da empresa extinta.

Marivaldo de Andrade já é o terceiro síndico da massa falida, nomeado em 2004 pela justiça depois de ter sido indicado pela maioria dos trabalhadores que fazem parte do Assentamento Agroindustrial Miguel Arraes.

Andrade, que acumula afunção de é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Jaqueira, foi juiz clasista em Catende de 92 a 98.

Quando criança, aos 8 anos de idade segundo conta, trabalhou no cotre da cana em terras da Usina Catende.

Ele também já presidiu a Cooperativa Harmonia, que representa diretamente os assentados .

No momento, a entidade é dirigida por Dulce Afonso, ligada a Andrade.

REFORMA O processo de reforma agrária em andamento na Usina Catende é complexo.

Envolve 27 mil hectares de terra, distribuídos em 70 propridades e cinco municípios da mata sul: Catende, Água Preta, Jaqueira, Xexéu e Palmares.

Os primeiros engenhos foram desapropriados somente em outubro do ano passado.

Os últimos, no mês julho.

Com isso, a posse das terras foi transferida da massa falida para o Incra.

Pouco mais de R$ 37 milhões foram depositados pelo governo na 7a Vara Federal, onde tramitam as desapropriações de terra.

Desde o início do ano, trabalhadores e síndico da massa falida vêm requerendo a transferência desses recursos para a 18a Vara Cívil, responsável pelo processo de falência.

Com esse dinheiro seria possível pagar parte do que a antiga Usina falida ficou devendo aos trabalhadores, que são credores preferenciais.

Segundo o síndico da massa falida Marivaldo de Andrade, a dívida total da Catende, em valores atualizados estaria próxima de R$ 1 bilhão.

Entre os credores, além dos trabalhadores, Banco do Brasil, InSS, FGTS, governo do Estado e empresas privadas.

Atualmente, há 2,2 trabalhadores assentados que trabalham em regime de agricultura familiar, cultivando cada um sua parcela de terra - ainda sem a posse legal.

Outros 1,6 trabalhadores rurais são assalariados da massa falida.

Existem ainda cerca de 500 trabalhadores industriais: os operários da usina.

Não há previsão de quando e de que forma a terra, hoje na posse do Incra, será repassada para os agricultores.

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