Primeiro, eu acho importante a gente conhecer um pouco da história desta Refinaria.
Certamente tem muita gente que até outro dia não acreditava que fosse verdadeiro, que iria sair a refinaria.
Certamente muitos de vocês imaginavam que era mais uma promessa, que era mais uma daquelas coisas que o candidato a governador, o candidato a presidente e os deputados falavam em época de eleição.
Eu sei que tem muita gente que já estava descrente de que fosse possível sair esta Refinaria, como eu sei que muitas vezes o povo fica descrente quando vê na televisão o anúncio de uma quantidade enorme de dinheiro para uma determinada obra, e essa obra não acontece.
E, às vezes, é muito difícil as obras acontecerem.
No Brasil nós criamos uma quantidade de regulamentações para proteger o Estado brasileiro contra a degradação ambiental, contra o superfaturamento, contra a corrupção, de tal magnitude, que com esses instrumentos legais todos colocados em prática, às vezes uma obra demora dois ou três anos para começar, por conta da quantidade de processos que têm que ser feitos para legalizar o conjunto da obra.
Eu quero parabenizar o governador Eduardo Campos, quero parabenizar o presidente da Petrobras e a diretoria da Petrobras, porque essa obra, é uma área muito grande, um manejo de terra enorme, portanto, vai ter impacto ambiental.
Nós tivemos que trabalhar de forma muito técnica, com muita sensibilidade política, para que pudéssemos chegar ao dia de hoje.
Primeiro, teve uma conversa minha com alguns governadores de estado, ainda em 2003.
O José Sérgio sabe que nós tínhamos o Rio de Janeiro, achava-se que a refinaria deveria ser no Rio de Janeiro, porque o petróleo era prospectado lá.
Depois, tínhamos o Espírito Santo, que queria a refinaria lá porque achava que a Bacia de Campos adentrava no estado do Espírito Santo, portanto, achavam que tinham o direito da refinaria lá.
Depois, tínhamos o estado do Ceará, que tinha direito de ter a refinaria porque era um estado que estava mais ou menos no meio do Nordeste brasileiro.
Depois, tínhamos o Maranhão, que achava que deveria também ter a refinaria lá, e também a nossa querida companheira Wilma, do Rio Grande do Norte, achava que a refinaria deveria ser lá.
Bem, eu tinha que tratar todos os governadores em igualdade de condições.
Eu não poderia privilegiar um governador em detrimento de outro.
Agora, todo mundo que ia conversar comigo falava que tinha um parceiro para construir a refinaria.
O Ceará tinha, o Brito conhece, o Príncipe da Arábia Saudita, com quem eu tive o prazer de jantar, junto com o senador Tasso Jereissati.
O Rio de Janeiro, o estado do Maranhão e o nosso Espírito Santo tinham como parceiros uma empresa chamada Marubeni, acho que era uma empresa japonesa, e todo mundo dizia que ela ia fazer a refinaria.
Chegou um momento em que eu disse o seguinte: eu tenho uma família de 27 filhos, que são os 27 governadores, todos querem comer um pedaço de um bife chamado refinaria, e eu não posso dar para todo mundo.
Aquele que arrumar um parceiro para trazer esse bife para cá, vai ter a refinaria.
E aí começaram as coincidências.
O presidente Chávez queria vir em Abreu e Lima para inaugurar o busto de Abreu e Lima e aí, então, eu pedi para o governador Jarbas Vasconcelos que conversasse com o presidente Chávez.
Depois, ele também foi à Venezuela, e comecei a ter encontros quase mensais e telefonemas semanais com o Chávez, discutindo a possibilidade de a PDVSA se associar à Petrobras para fazer esse projeto.
E o presidente Chávez me disse que aceitaria fazer a parceria.
Ele só tinha uma exigência: era colocar o nome na refinaria, numa homenagem a um general brasileiro que teve o pai morto na sua presença, o Padre Roma, que foi aos Estados Unidos e lá se inscreveu no Exército Bolivariano para lutar pela libertação da América Latina.
Ele voltou para o Brasil, escreveu o primeiro livro sobre socialismo, aqui neste País, e é pouco conhecido pelo povo brasileiro.
Mas ele é um herói na Venezuela, é um herói na América Latina, e espero que agora ele passe a ser mais conhecido no Brasil e que as pessoas passem a ter a história dele contada, porque não é todo dia e em todo século que a gente consegue ganhar uma personalidade mundial.
E aí começamos.
Viemos num ato no ano passado, no começo do ano, para lançar a pedra fundamental.
E quando a gente lança a pedra fundamental as pessoas não acreditam muito, porque às vezes o tempo come a pedra, a terra cobre e ninguém a vê.
Nós estamos aqui agora, sete meses da posse do companheiro Eduardo Campos, sete meses da posse do meu mandato, e viemos aqui começar o serviço de terraplanagem, que é o primeiro serviço.
Depois da terraplanagem vêm as estacas, depois das estacas vem o cimento, o concreto, o aço, e vai ser construída uma das mais modernas refinarias da nossa querida Petrobras.
Uma coisa que as pessoas precisam compreender é que para tomar a decisão de ser em Pernambuco eu tive uma aula sobre a complexidade de escolher um local para fazer uma refinaria, que foi o argumento, José Sérgio, que utilizei para convencer a governadora Garotinho a parar de colocar bottom no peito das pessoas reivindicando a refinaria para o Rio de Janeiro.
A refinaria necessariamente não tem que ser onde tem o petróleo, ela tem que ser onde tem o consumo do petróleo, senão você constrói uma refinaria num lugar que tem petróleo, mas que não tem consumo.
E o Rio de Janeiro já tem refinaria, São Paulo já tem refinaria, Minas já tem refinaria, o Rio Grande do Sul já tem refinaria, Minas Gerais já tem, portanto, não precisavam de uma outra refinaria.
Se a gente construísse uma refinaria no Rio de Janeiro ou no Espírito Santo, depois você tinha que trazer para cá o óleo diesel, o óleo combustível, a nafta, a gasolina e tantos outros derivados do petróleo.
Então, fica mais barato trazer apenas o óleo bruto, aqui você vai refiná-lo e vender os derivados a um mercado consumidor do Nordeste, que agora fica bem distribuído.
A última foi na Bahia.
Depois da Bahia, nós vamos ter outra somente no estado do Amazonas.
Então, era preciso criar uma refinaria no meio, no coração do Nordeste.
E não porque eu nasci aqui, mas porque Deus fez Pernambuco no coração do Nordeste.
A refinaria veio para Pernambuco, senão o José Sérgio ia querer levar a segunda para a Bahia.
Eu quero dizer para vocês, meu querido governador, deputados, empresários, trabalhadores, e faço questão de repetir isso em todos os lugares onde eu vou.
Eu estou vivendo um momento muito especial na minha vida como presidente da República.
Eu não sei em quantos momentos da história do País o Brasil teve um presidente que pudesse viver o momento de tranqüilidade que eu estou vivendo.
Não porque tudo já esteja feito, pelo contrário, nós temos uma verdadeira “Muralha da China” para construir e estamos começando a construir essa muralha.
E nós só demoramos um pouco mais porque durante os últimos 30 anos os governantes pensaram em tudo, menos neste País, menos no crescimento deste País, menos em transformar este País numa nação respeitada internacionalmente, numa nação que tivesse em conta que não haverá nação se o povo não estiver em primeiro lugar, se o povo não tiver oportunidades, se o povo não estiver participando.
Há 30 anos não se fazia uma refinaria no nosso País, mas não é apenas isso, meu caro José Sérgio Gabrielli, meu caro Eduardo Campos.
Há mais de 20 anos não se constrói um alto forno no nosso País, há muitos anos este País não conhece um crescimento sustentável, e há muitos anos este País não conhece uma política de consumo, que hoje coloca o Brasil em condições como as da China porque, pela primeira vez, estamos construindo de forma sólida o chamado mercado de massas.
Não é o mercado externo que está puxando o crescimento da economia brasileira, é o mercado interno que está puxando o crescimento da brasileira.
E está puxando por quê?
Está puxando porque tem política de transferência de renda, está puxando porque apenas nesses sete meses nós criamos 1 milhão e 200 mil empregos com carteira profissional assinada; está puxando porque resolvemos adotar a política de que não era possível a economia crescer se não tivéssemos crédito, e nós saímos de 300 bilhões de crédito para 800 bilhões de crédito neste País, nesse pouco tempo em que governamos o Brasil.
Aqui está o presidente do Banco do Nordeste.
E o presidente do Banco do Nordeste, no primeiro ano em que assumiu o banco, só tinha investido 262 milhões de reais em crédito.
Hoje, o Banco investe mais de 6 bilhões de reais em crédito. É dinheiro que vai para o pequeno, é dinheiro que vai para o médio, é dinheiro que vai para o grande.
E esse dinheiro, com a exigência dos projetos corretos, vai dinamizando a economia, vai gerando empregos e vai permitindo que as empresas brasileiras voltem a acreditar outra vez no Brasil.
Eu repito: ainda falta muito para a gente fazer do Brasil uma nação economicamente forte.
E falta muito porque durante muito tempo as pessoas preferiram não acreditar no Brasil, as pessoas preferiram ficar olhando o crescimento dos Estados Unidos, as pessoas preferiram ficar olhando o crescimento da Europa, as pessoas preferiram ficar olhando o crescimento da China ao invés de discutirem internamente o que teríamos que fazer para o Brasil dar o seu salto de qualidade.
Vocês não pensem que é fácil decidir fazer uma refinaria no Nordeste, vocês não pensem que é fácil decidir fazer uma siderúrgica no Nordeste, vocês não pensem que é fácil decidir fazer a Transnordestina ligando o porto de Suape ao porto de Pecém, passando por Eliseu Martins.
Há muita gente trabalhando contra porque há muita gente que acha que o Nordeste não faz parte do Brasil, há muita gente que acha que o Nordeste nasceu para emprestar pedreiros ou lavadores de carro para regiões mais ricas deste País.
Toda vez que vamos discutir um projeto, as pessoas dizem: “Presidente, é preciso ver se tem viabilidade econômica, se não tiver viabilidade econômica, não dá para fazer”. Às vezes, numa região desenvolvida, a gente discute viabilidade econômica, mas numa região que não é desenvolvida, nós precisamos saber que é aquele empreendimento que vai dar viabilidade econômica para aquela região, para aquelas cidades, para aquele estado e para aquela região toda.
Eu estou convencido de que o Brasil só será socialmente justo quando ele for mais equânime, quando as regiões do Brasil tiverem mais ou menos as mesmas oportunidades, e você, companheiro José Sérgio, que como eu também é nordestino, se quiser olhar a diferença de tratamento que essa região teve para outras partes do Brasil, não olhe salário, não olhe transferência de renda, não olhe renda per capita, olhe o número de doutores que são formados nas regiões e olhe o esquecimento em que ficou a universidade aqui nesta região.
Está aqui o nosso ministro de Ciência e Tecnologia, aliás, o Eduardo Campos também já passou por lá, não é possível uma região se desenvolver se você não investe.
Eu perguntava agora para o Inocêncio Oliveira qual foi o efeito da Universidade de Serra Talhada, e posso perguntar para o Eduardo Campos qual é o efeito da incipiente Universidade de Garanhuns.
Atrás de uma universidade vem o conhecimento, vem o crescimento hoteleiro, vem a primeira empresa, vem ciência e tecnologia.
E vindo o conhecimento, vem o desenvolvimento, porque ninguém investe, nem por conta da pobreza e nem por conta do atraso, porque se investir no atraso fosse solução, o Nordeste seria a região que receberia mais investimento dos governos federais.
Eu tenho o prazer, Eduardo, e o orgulho de andar de cabeça erguida neste País, e dizer que os companheiros do PT são tratados, do ponto de vista do governo federal, igual a um governador do PFL ou do PSDB.
O dinheiro do PAC que veio para Pernambuco, foi para São Paulo.
O dinheiro do PAC que foi para a Bahia, foi para Minas Gerais, o dinheiro do PAC que veio para Pernambuco, foi para Alagoas e foi para a Paraíba, foi para o Rio Grande do Sul, todos governadores de oposição.
Mas um presidente da República não pode pensar pequeno e não pode ser mesquinho, afinal de contas, ser presidente da República não é estabelecer uma relação de amigo ou fazer do Palácio do Planalto um grupo de amigos.
Não, ser Presidente da República é, antes de olhar a cor do partido do governador, olhar as necessidades do povo daquela região, do povo daquele país e tratá-lo com respeito.
Eu tenho certeza de que vou viver esses próximos cinco ou seis anos para ver, tenho certeza não, eu quero pedir a Deus que me dê essa possibilidade, para ver o que vai resultar de empregos com a construção de uma refinaria, o que virá atrás de uma refinaria.
Atrás de uma refinaria vem outras indústrias, vem o conhecimento tecnológico, vem empresas de ponta investir em produtos com valor agregado para aumentar a arrecadação.
O José Sérgio Gabrielli é muito vivo, na exposição da Petrobras aqui, não sei se vocês viram, ele só falou: “vamos pagar 2 bilhões de impostos.” Mas não falou quanto vão ganhar.
Dá a impressão de que eles vão ter prejuízo, viu, Armando?
Dá a impressão de que eles vão ter prejuízo.
O que ele não fala é que enquanto o governo federal só pode colocar 60 bilhões no PAC, eles podem colocar 228 bilhões de reais no PAC.
Então, companheiros e companheiras, eu estou feliz porque quando eu deixar o governo, em 2010, eu quero que o próximo presidente da República pegue um país mais organizado, pegue um país sem precisar discutir as mazelas que há 30 anos se discute neste País.
Eu estou lembrado que, começando a minha vida sindical, eu tinha só 23 anos de idade, a gente discutia todo santo dia nas assembléias a inflação, o dragão, a desgraça, a inflação, o dragão, ou seja, foram anos em que políticos e mais políticos foram eleitos governadores, senadores e deputados criticando a inflação.
Nós acabamos com a inflação.
Hoje, ninguém fala mais em inflação.
Passei 20 anos da minha vida gritando: “Fora FMI.” Agora eu estou num ato aqui e não vejo nenhuma faixa “fora FMI”, porque ele não está mais aqui e não voltará mais aqui, se Deus quiser, porque nós viramos donos da nossa economia.
Vocês estão vendo uma crise anunciada nos Estados Unidos.
Pois bem, em outros tempos o ministro da Fazenda já teria ido e voltado 30 vezes a Washington, já teriam vindo 30 delegações do FMI ao Brasil.
Nós não precisamos ir aos Estados Unidos e eles não precisam vir aqui, porque o Brasil hoje tem 161 bilhões de dólares em reservas.
Não queremos dizer que já estamos livres, porque não sabemos o tamanho da crise, não queremos saber o que vai acontecer, mas precisamos ficar alertas porque o Brasil ainda exige cuidados.
Nós não podemos, porque chegamos numa situação de equilíbrio, achar que está tudo resolvido e começar a gastança.
Não, nós vamos continuar agindo como sempre agimos, o Brasil não vai gastar aquilo que não pode gastar, o Brasil vai fazer aquilo que um trabalhador sério faz na sua casa.
Tem trabalhador que num dia de dezembro recebe 13º salário, férias adiantadas, e torra tudo no Natal.
Quando chega em janeiro tem que pagar Imposto de Renda, IPVA, IPTU, aí ele está nu, não tem dinheiro para nada e fica quebrado o ano inteiro. É exatamente nesses momentos de bonança que a gente precisa de equilíbrio, não gastar e não jogar dinheiro fora, gastando apenas aquilo que é possível gastar. É por isso que eu posso dizer para vocês: nós entramos num ciclo de crescimento sustentável.
E é um ciclo em que eu prevejo 10 ou mais anos de crescimento, se todos nós tivermos juízo, porque muitas vezes a oposição pensa que é apenas da minha responsabilidade cuidar do País.
A responsabilidade é de todos, é minha como presidente, mas é de cada deputado, de cada vereador, de cada prefeito, de cada governador, de cada homem, de cada mulher, de cada jornalista, ou seja, a responsabilidade é de todos, porque se der certo todo mundo ganha, se der errado todo mundo perde.
E hoje eu venho aqui, como eu quero vir na Transnordestina.
A Transnordestina, não pensem que ela não vai sair.
Ela vai sair, é uma questão de honra.
Nós fizemos um esforço por dois anos e meio, nós trabalhamos para construir a engenharia econômica da Transnordestina.
Aí depois começa a desapropriação, depois começa o meio ambiente, depois começa “não sei o quê”, o tempo vai passando e as coisas não acontecem.
Então vai acontecer, Eduardo, prepare-se porque vai acontecer, se não acontecer, eu peço a sua ajuda, do Cid e do Wellington, e nós vamos fazer porque eu acho que chegou o momento de a gente aproveitar todas as oportunidades.
Quero dizer para vocês, então, que este complexo que estamos construindo aqui, não é a redenção de Pernambuco.
Mas pode ficar certo, Eduardo, que é o começo de uma nova história do estado de Pernambuco.
Este estado tem muita história, nem sei se a molecada aprende direito a história deste estado, que é considerado o estado mais guerreiro deste País.
Este estado aqui tentou fazer a independência cinco anos antes da independência do Brasil.
Em 1817 já tinha gente morrendo aqui pela independência.
Em 1824, foi feita a Confederação do Equador, por isso o Padre Roma foi preso e foi para a Bahia, onde foi morto pelo representante da Coroa portuguesa.
Este estado, muitas vezes, eu lembro quando Arraes era governador, não vinha dinheiro para cá porque o Arraes era de oposição.
Agora, meus companheiros, não apenas porque eu sou pernambucano, não apenas por isso, mas também por isso, é preciso a gente recuperar as possibilidades de Pernambuco, da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, do Rio Grande do Norte, do Ceará, do Piauí, do Maranhão no Nordeste, e também olhar a questão da região Norte do País.
Foram aprovadas agora as EPEs no Congresso Nacional.
Vocês sabiam que tem gente que é contra as EPEs?
São contra porque vai prejudicar “não sei o quê”, vai prejudicar “não sei onde”.
Agora eu quero saber o seguinte: como é que a gente vai levar o desenvolvimento para o Amapá?
Como é que a gente vai levar o desenvolvimento para Roraima?
Como é que a gente vai levar o desenvolvimento para o Acre?
Como é que a gente vai levar o desenvolvimento para o Mato Grosso?
Como é que a gente vai trazer o desenvolvimento aqui para o Nordeste?
Se a gente não criar mecanismos novos para incentivar, sem a guerra fiscal tradicional, os investimentos aqui?
Meu caro Eduardo, eu digo sempre o seguinte: quando terminar o nosso mandato em 2010, você ainda tem muito futuro político, mas eu já estou na fase descendente da minha vida política.
Uma coisa que vai ser importante a gente atentar, eu tenho dito isso que é para marcar a cabeça da juventude.
Aliás, amanhã nós vamos lançar um Programa da Juventude, amanhã nós vamos tentar criar um programa especial para atender 4,5 milhões de jovens neste País, entre 17 e 24 anos.
Vamos tentar ter uma política especial para despertar nessa molecada a esperança e o orgulho de ser brasileiro.
Mas, meu caro Eduardo, quando a gente terminar o mandato juntos, você vai perceber uma coisa: de 1909, quando Nilo Peçanha criou a primeira escola técnica no Brasil, até 2003, em 97 anos, foram construídas 140 escolas técnicas.
Em oito anos, nós vamos construir 214 escolas técnicas neste País.
Vamos terminar o mandato com 10 universidades novas e 48 extensões universitárias, porque eu e todos vocês precisamos nos convencer de que ou nós investimos agora na educação - por isso aprovamos o Fundeb e eu quero agradecer ao Congresso Nacional, por isso estamos lá com um monte de leis para votar do Programa de Desenvolvimento da Educação - ou nós investimos agora para recuperar o tempo perdido, em que não se investiu em educação neste País, ou o Brasil também perderá o século XXI, como perdeu o século XX.
E eu acho que nós não temos o direito de perder nenhum dia a mais.
Nós precisamos tirar proveito.
Aqui no Brasil, José Sérgio, nós tínhamos um problema.
Ontem eu discuti profundamente com o Sérgio Resende.
Aqui no Brasil nós tivemos uns anos, umas três décadas, ou melhor, todo o século passado, em que os nossos pesquisadores da universidade não gostavam de fazer parceria com as empresas, dando a impressão de que o pesquisador ou o cientista vivia apenas para escrever teses e colocar na gaveta.
E nós, se quisermos fazer a revolução, o cidadão que foi para a universidade, que aprendeu e adquiriu conhecimento, precisa transformar esse conhecimento em ganhos para a sociedade, em produtos industriais, em produtos de saúde, senão a gente não vai a lugar nenhum.
A gente não sabe por que a China chegou onde chegou. É ir à China para ver a quantidade de parcerias dos cientistas com as empresas.
E as próprias empresas depois vão financiando as universidades, vão colocando dinheiro para melhorar as universidades, para equipar melhor as universidades, para pagar mais salário.
Aqui as pessoas acham: “bom, eu virei acadêmico, então não preciso mais produzir nada, fazer nada, só vou escrever as minhas teses e acabou.” Nós estamos mudando isso, graças a Deus, e estamos mudando porque também os cientistas brasileiros estão mudando, estão percebendo que o Brasil precisa deles, estão percebendo que o conhecimento que eles adquiriram não pode ficar guardado para eles, é preciso ser socializado entre toda a sociedade brasileira Meu caro Eduardo Campos, eu quero terminar aqui dizendo a você, dizendo ao prefeito João Paulo, dizendo aos membros da Petrobras: a Petrobras, não pensem que ela anunciou 228 bilhões e que vai ficar pelo anúncio, porque vira e mexe eu chamo o José Sérgio lá na minha mesa.
Antigamente diziam que a Petrobras não prestava contas a ninguém, agora eu solto a Dilma Rousseff em cima dele, porque nós queremos transformar cada real desses 228 bilhões em obras concretas, porque a Petrobras vai crescer mais, o povo vai poder comprar mais gasolina, mais óleo diesel.
Você sabe, Eduardo, que quando eu entrei, em 2003, eu fui procurado pela indústria automobilística dizendo: “estamos em vermelho.” Passei 30 anos da minha vida ouvindo a indústria automobilística dizer: “estamos em vermelho, estamos tendo prejuízo, estamos não sei das quantas.” Você já percebeu como estão vendendo?
Tem gente esperando três meses para comprar um carro, tem gente esperando seis meses para comprar um caminhão.
E estão exportando como nunca.
Eu fiquei sabendo, até, que talvez venha uma indústria automobilística para cá.
Aí é tudo que o pernambucano poderia querer, uma refinaria e uma indústria automobilística.
Aí é demais.
Então eu penso, companheiros, que nós chegamos a esse momento por compreensão de vocês, por compreensão de cada empresário, por compreensão de cada trabalhador mais humilde, por compreensão de muitos políticos.
Muitas vezes, na política, o jogador que deixa o campo para entrar o outro, ele não quer que o outro marque o gol, ele quer que o outro perca.
Então, as pessoas ficam torcendo para a desgraça ser maior.
Se as pessoas pensassem positivo…
A mim não pega, porque eu creio em Deus.
Não adianta nego tentar rogar praga, que não pega.
E também porque eu tenho a minha crença definida, todo dia eu converso com Ele para pegar energia positiva.
Portanto, quem quiser perder tempo em torcer contra, vai quebrar a cara. É melhor torcer a favor, porque no segundo mandato eu aprendi o que fazer.
Hoje eu sei muito mais do que eu sabia.
Os governadores eleitos agora são quase todos jovens, e todos com muita vontade política, todos com muita experiência.
E eu acho que nunca teve um presidente da República que tenha a relação de amizade que eu tenho com a maioria dos governadores brasileiros.
Portanto, nós temos tudo para fazer as coisas darem certo.
Tudo.
Ninguém, nem o mais ferrenho opositor, eu quero deixar fora da mesa.
O cidadão pode me esculhambar, é uma questão pessoal dele, quem vai se vingar dele é o povo, não sou eu.
Mas eu o estarei convidando para ajudar a construir o projeto que este País precisa. É só olhar nas favelas de Recife, é só olhar pelo sertão nordestino que a gente vai ver que não há espaço, não há tempo num mandato de quatro anos para a gente ficar brigando por picuinha, brigando por eleição municipal, brigando por vereador.
Eu acho que tem o tempo de briga, mas tem o tempo de governança.
E fique certo, Eduardo, de que esse é o nosso tempo de governança.
Se depender de mim, você passará para a história como o mais importante e melhor governador que o estado de Pernambuco já teve.
Muito obrigado, e boa sorte ao povo de Pernambuco.