Do IG BRASÍLIA - O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último sábado durante o 3º Congresso do PT, organizado em SP no final de semana, no qual o presidente afirmou que o PT é o mais ético entre os partidos, gerou reações distintas entre os parlamentares nesta segunda-feira.

As afirmações do presidente irritaram setores da oposição, que lembraram o fato de o Supremo Tribunal Federal ter aceitado na semana passada denúncia contra 40 pessoas por envolvimento com o mensalão, algumas delas da cúpula petista. “Se há um partido que comprovadamente não tem compromisso com a ética é o PT”. disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).

Para o vice-líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), as palavras do presidente visam separar a sigla dos erros cometidos. “O PT enfrentou problemas por causa de decisões de alguns poucos dirigentes, não podemos negar a realidade.

Mas o PT também não deve assumir uma postura defensiva porque a imensa maioria do partido tem uma história de lutas e atuação pela defesa da ética na política”.

O líder da minoria, André de Paula (DEM-PE), corrobora as afirmações do colega de oposição. “Para usar a expressão do presidente Lula, nunca antes na história desse país toda a direção de um partido ruiu por corrupção como aconteceu com o PT no mensalão”.

Para ele, o presidente não compreende a importância de seu cargo e age como se fosse apenas um militante do PT.

André afirma que o presidente tinha uma intimidade “assustadora” com os agora réus no Supremo e destaca a ocupação da máquina pública como uma fórmula substituta do mensalão. “A sensação é que em menor ou maior escala o problema continua.

Se a compra não é mais com recursos financeiros, vemos o governo lotear a máquina pública para conseguir apoio no Congresso”.

Já Fontana destaca a criação de um Código de Ética como um reconhecimento da sigla de que não pode mais cometer erros, mas afirma que a questão não é a pauta do partido. “Não podemos aceitar a pauta dos nossos adversários.

Todos os partidos tiveram seus problemas na questão ética e nós estamos olhando para frente e vamos balizar nossa conduta para evitar a repetição de erros e ilegalidades”.

O líder do PSB, deputado Márcio França, acredita que o discurso de Lula era previsível e esperado. “Ele é o principal líder do partido. É natural que fizesse um discurso para levantar a moral dos militantes”.

França também vê como natural o apoio dos correligionários a José Dirceu. “Não haverá fato político que tire a liderança do José Dirceu.

Eles serão sempre solidários porque existe uma relação antiga de amizade e confiança”.