O governador do Ceará, Cid Gomes, do PSB, parece não ter papas na língua, como o irmão Ciro Gomes.
No encontro dos governadores que está sendo realizado neste momento no Palácio do Governo, o representante do Ceará desancou os críticos da guerra fiscal.
Desde a Era Tasso, o Ceará usa e abusa da oferta de incentivos para atrair empresas. “Esse papo paulista (em favor do fim da guerra fiscal) comigo não cola”, declarou, conforme relata o repórter Sílvio Burle, que acompanha o evento.
Discordando frontalmente do colega baiano, Jaques Wagner, para quem a guerra fiscal cria uma ilusão e atrapalha o orçamento dos Estados, Cid Gomes explicou que não se pode perder o que não se tem, antes da concessão dos incentivos.
O governador informou que o Ceará abre mão de cerca de R$ 300 milhões em impostos por ano, com renúncia fiscal. “Se não desse o incentivo, as empresas não estariam lá e continuaríamos não arrecadando. 17% de zero é zero”, ironizou, referindo-se à alíquota de ICMS que deixa de ser aplicada. “Mas se abrimos mão do ICMS, estamos ganhando pelo menos nos empregos, nos salários e na massa de consumo que se cria a partir das instalação dessas empresas”, analisou.
Além de defender compensações, o governador foi direto ao ponto. “Os Estados partiram para a guerra fiscal por conta da omissão histórica do governo Federal em combater as desigualdades regionais.
No passado, houve esforço estatal que permitiu a industrialização do Sudeste”, lembrou o governador para justificar a política de incentivos fiscais no Nordeste. “O setor que efetivamentepode reduzir as desigualdades regionais é a indústria”.
O colega do Maranhão, Wellington Dias, pediu investimentos em infra-estrutura, para poder atrair empresas. “Temos o mesmo tamanho de São Paulo, mas o nosso transporte é inexistente”, disse.