Por Ayrton Maciel Da editoria de Política do JC Proposta lançada na Assembléia Legislativa há quatro meses, a criação da Região Metropolitana de Caruaru – reunindo 18 municípios do Agreste Setentrional – é retomada e assumida, agora, pela prefeitura da cidade-pólo, sob a promessa do prefeito Tony Gel (DEM) de conduzir a idéia sem coloração partidária e como pauta acima das históricas divergências políticas locais.
Um seminário regional para discutir a viabilidade econômica, administrativa e política do que seria a segunda região metropolitana do Estado está marcado para o dia 5 de setembro, na sede da Associação Comercial e Industrial de Caruaru, a partir das 8h, com a participação de técnicos do governo e de instituições nacionais especialistas em desenvolvimento, problemas e características de regiões metropolitanas.
Em um município caracterizado pela radicalização da disputa político-eleitoral, o prefeito declara-se disposto a colocar no papel a idéia da criação da Região Metropolitana de Caruaru, e para dar um segundo passo nessa direção, revela que vão ser convidados – para o I Seminário Agreste Metropolitano, como está denominado – o governador Eduardo Campos (PSB) e as principais lideranças municipais, o vice-governador João Lyra Neto (PDT), o deputado José Queiroz (PDT) e o secretário de saúde estadual, Jorge Gomes (PSB), tradicionais adversários. “Este é um projeto apartidário, apolítico.
Nossa proposta é que se forme um comitê gestor da região metropolitana e a cada ano um prefeito da região presida o comitê”, salientou Tony Gel.
Filiado ao Democratas (ex-PFL), opositor do governo Eduardo Campos, o prefeito está convidando os prefeitos dos municípios que poderiam integrar a possível segunda região metropolitana no Estado e levando técnicos do governo de Pernambuco – a Fundação Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife, Fidem. “Os técnicos pediram e nós enviamos os estudos que já temos de viabilidade, mas que precisam ser aprofundados”, adianta Tony Gel.
O seminário irá gerar a Carta do Agreste, com os pontos necessários de viabilidade do projeto e os benefícios para o desenvolvimento da região que será encaminhado ao governador.
A proposta foi levantada, pela primeira vez, em abril passado, na Assembléia Legislativa, quando a deputada Miriam Lacerda (DEM) – casada com o prefeito caruaruense – fez um indicativo à mesa da Casa, no sentido de que fosse feito um apelo ao governador Eduardo Campos para que determinasse estudos de viabilidade e ações dirigidas a transformar Caruaru em sede de uma segunda região metropolitana.
O Executivo é o único poder com competência para propor projeto de lei com essa finalidade.
O indicativo da deputada teve o apoio imediato do pedetista e ex-prefeito caruaruense José Queiroz, reunindo inimigos políticos históricos na cidade em torno da proposta.
A argumentação para a criação da Região Metropolitana de Caruaru, abrangendo cidades-pólos de confecções e municípios limítrofes, destaca que a iniciativa pode gerar condições para a constituição futura do Consórcio Metropolitano, um consórcio de cidades elaborando projetos conjuntos para a captação de recursos estruturadores, como também para redução do IPI sobre atividades prioritárias e a redução de tarifas públicas, como postagem, telefonia e transporte.
Haveria possibilidade, igualmente, de ações e políticas compartilhadas em questões ambientais, como tratamento das bacias hidrográficas, lixo e aterros sanitários.