O jornal O Estado de S.
Paulo traz longa matéria na sua edição deste domingo (2) sobre as armas ilegais.
E a conclusão é que 1 em cada grupo de 4 armas aprendidas em poder de criminosos pertenceu, originalmente, a algum membro do poder público, especialmente a polícia militar paulista. “A segurança pública está armando bandidos”, diz na reportagem o presidente da subcomissão de Armas e Munições da Câmara dos Deputados, Raul Jungmann (PPS-PE).
Ele encaminhou ao Exército uma relação de 34.087 armas apreendidas em São Paulo entre 2003 e 2006, mas só 4.200 puderam ser rastreadas.
Sobre as demais, as fábricas disseram não ter informações precisas sobre a venda.
A estatística apresentada pela subcomissão refere-se apenas às armas cuja origem pôde ser verificada.
Não foi possível identificar, no entanto, quantas armas eram do patrimônio da PM e quantas pertenciam aos policiais.
Jungmann explicou ao Estadão que uma portaria do Exército autoriza integrantes das Forças Armadas e da PM a comprarem armamentos e munição para uso pessoal. “De dois em dois anos, cada um deles pode adquirir uma \arma de porte\ (revólver ou pistola), uma de \caça de alma raiada\ (carabina ou fuzil) e uma de \caça de alma lisa\ (espingarda)”, diz um trecho da reportagem.
Militares e policiais podem comprar diretamente das fábricas ou nas lojas de armamentos.
Mas depois da aquisição não têm de prestar contas sobre o seu uso. “Em pouco tempo, o policial tem um arsenal particular.
Depois, essas armas serão vendidas, desviadas, roubadas, enfim, vão parar nas mãos de bandidos”, diz Jungmann.
A PM paulista informou que os dados da subcomissão estão distorcidos.
Procurada anteontem pelo Estadão, a Assessoria de Imprensa do Exército prometeu uma resposta para esta semana.
SUGESTÕES Embora o estudo tenha sido feito em São Paulo, o deputado Raul Jungmann acredita que o problema se repete no restante do País.
Por isso, para controlar o repasse de armas dos policiais para os bandidos, Jungmann sugere acabar com a possibilidade de PMs fazerem compras pessoais.
No seu entender, o ideal seria que cada policial recebesse do Estado uma arma, pela qual ficaria responsável enquanto estivesse na ativa, em horário de trabalho ou folga.
O deputado prepara emenda à Medida Provisória 379/07, do governo federal, publicada em junho e em discussão no Congresso.
A MP prorroga o prazo de recadastramento das armas para 31 de dezembro e facilita acesso a testes psicológico e de manejo, com redução de preços e isenção para caçadores, seringueiros e camponeses.