A Revista Veja não dá sossego ao presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A edição desta semana, que chegou às bancas neste sábado (1), traz novas e detalhadas denúncias contra o senador, já envolvido em três processos no Conselho de Ética do Senado, que podem acabar lhe custando o mandato.
Dessa vez, a Veja está acompanhada pela Época.
As duas revistas semanais contam a história do advogado Bruno Brito Lins, de quem Renan é padrinho de casamento.
Em setembro do ano passado, oito meses antes de estourar a primeira denúncia contra o sendaor por conta de ligações com um lobista da empreiteira Mendes Júnior, Lins prestou depoimento à polícia, em Brasília, detalhando supostas armações arquitetadas por Renan e um outro lobista, Luiz Garcia Coelho.
O objetivo do advogado, na verdade, era atingir Luiz Coelho, seu ex-sogro.
Recém-separado de Flávia Garcia Coelho, filha do lobista e funcionário do gabinete de Renan, Bruno Lins divergia dela sobre a divisão dos bens e a guarda dos filhos.
Ele disse à polícia que, por estar sendo ameaçado de morte, resolveu contar parte do que sabia para se proteger.
Renan foi atingido por tabela.
A denúncia fala sobre negociatas para beneficiar o banco BMG na farra dos empréstimos consignados e sobre um golpe imobiliário para cima do Postalis, o fundo de previdência dos funcionários dos Correios.
A Veja não poderia ter dado resposta melhor à tentativa do senador de articular uma CPI no Congresso contra o grupo Abril, dono da revista e considerado por Renan como seu inimigo número 1.
Leia o que publicamos sobre a tal CPI aqui.
Abaixo, trecho da reportagem da Veja.
O VELHO RENAN DE SEMPRE As relações entre o senador Renan Calheiros e lobistas com interesses no governo começaram a ser expostas quando VEJA revelou que um deles, Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagava despesas pessoais do senador.
Na semana passada, VEJA teve acesso a um depoimento prestado à polícia pelo advogado Bruno Brito Lins.
Através dele pode-se concluir que as ligações de Renan Calheiros com lobistas não se restringem a Gontijo e, mais uma vez, vão além da amizade desinteressada.
Renan é sócio e parceiro de lobistas em negócios que envolvem pagamento e recebimento de propina.
Bruno Lins foi casado com Flávia Garcia Coelho, funcionária do gabinete de Renan Calheiros e filha do lobista Luiz Garcia Coelho.
As ligações entre eles são tão íntimas que Renan Calheiros foi padrinho do casal, a convite do lobista.
Foi nesse ambiente que, durante anos, Bruno Lins testemunhou de perto a articulação de negócios escusos do grupo e, segundo conta, chegou a transportar pessoalmente malas de dinheiro que eram entregues a políticos e funcionários do governo.
Nos principais trechos do depoimento, que está sendo investigado pela Polícia Federal, o advogado descreve a sociedade que existe entre o ex-sogro e Renan e fornece detalhes das operações clandestinas: • O senador Renan Calheiros negociou com um grupo de aliados do PMDB uma maneira de beneficiar o banco BMG no serviço de concessão de crédito consignado para os aposentados da Previdência.
Em troca, o banco pagou propina aos envolvidos. • A propina, sempre em dinheiro vivo, era recolhida com diretores do BMG em Belo Horizonte e na agência do banco em Brasília.
Em algumas ocasiões, Bruno transportou e entregou pessoalmente o dinheiro aos envolvidos. • Entre os envolvidos na operação para beneficiar o banco estão o senador Romero Jucá e o deputado Carlos Bezerra, ambos do PMDB e aliados de Renan Calheiros.
Ao deputado Bezerra, Bruno diz ter entregue 150.000 reais de propina. • Renan Calheiros é sócio oculto do lobista Luiz Garcia Coelho.
Juntos, além do caso BMG, os dois armaram um golpe milionário contra o fundo de pensão dos Correios, o Postalis.
O lucro da operação seria repartido entre ambos.
Leia mais aqui.