O presidente da OAB-PE, Jayme Asfora, não acredita que a matéria publicada pelo jornal O Globo na semana passada, revelando o diálogo entre ministros do STF através de emails, tenha influenciado o resultado do julgamento do mensalão. “Sempre defendi que o homem público não tem vida privada enquanto for homem público”, disse. “Quando está dentro de casa, tudo bem.
Mas esse não era o caso”.
Matéria do jornal Folha de S.
Paulo desta quinta (30), reproduzida aqui no Blog mais cedo, dá conta de que o ministro do STF Ricardo Lewandowski teria dito em um resturante em Brasília, durante um telefonema, que seus colegas ficaram acuados pela imprensa depois da matéria publicada pelo Globo.
Na opinião do ministro, isso teria levado o STF a aceitar a denúncia contra todos os acusados no esquema do mensalão, incluindo José Dirceu, o ex-homem forte do governo Lula.
Dirceu aproveitou a deixa e, em entrevista concedida hoje, questionou a validade do julgamento.
DENÚNCIA CONSISTENTE Mas para Jayme Asfora, o que garantiu a aceitação das acusações formuladas pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, foi a consitência da denúncia.
Ele entende que também havia um sentimento geral da sociedade e um certo consenso dos formadores de opinião sobre o assunto, exercendo uma pressão muito forte sobre os ministros do STF. “O homem público não pode se incomodar ou se indignar com a cobrança da sociedade”, disse Asfora. “O Globo não errou.
Quem errou foram os ministros (Lewandomski e Cármen Lúcia), ao discutir o julgamento daquele jeito, com aqueles termos, durante a sessão”.
Segundo ele, o julgamento do mensalão foi exemplar sob o ponto de vista técnico. “Não houve quaquer violação das prerrogativas dos advogados.
Todos tiveram acesso aos autos e espaço para a defesa, por exemplo”, explicou.