“Estou de alma lavada”.
Assim o deputado federal Paulo Rubem (PT-PE) resume seu sentimento com o resultado do julgamento dos 40 acusados de participarem do Mensalão. “O Supremo Tribunal Federal fez justamente o que aquele grupo de parlamentares que eu cheguei a liderar, o Bloco de Esquerda do PT, dizia ser inprescindível.
Mostrou que a investigação é necessária, sem ter condenado ninguém”.
Para ele, o resultado é importante para diminuir a sensação de impunidade no Brasil.
O parlamentar espera que o tema seja amplamente discutido por todos os delegados eleitos para o III Congresso do PT, que será realizado no próximo fim de semana, em São Paulo. “Se essas questões tivessem sido alvo de investigação rápida e séria pelo partido talvez não tivéssemos tido tantos prejuízos.
Apenas defendemos, desde o início, que o patrimônio do PT não poderia ficar arriscado pela atuação de algumas lideranças”.
No dia 11 de agosto de 2005, Paulo Rubem como líder do Bloco de Esquerda do PT leu no plenário da Câmara dos Deputados documento em que mostrava a indignação daquele grupo de 25 parlamentares com as atitudes tomadas pela direção do partido.
Após o pronunciamento, vários deputados se abraçaram e choraram nas frentes das câmeras fotográficas, numa cena que ficou famosa.
Releia o texto, abaixo: Não em nosso nome Os deputados federais e senadores - integrantes do Bloco de Esquerda Parlamentar do PT - expressam publicamente seu mais veemente repúdio ao criminoso esquema de financiamento de campanha, progressivamente revelado após sucessivos depoimentos colhidos nas CPIs em curso no Congresso Nacional, sobretudo hoje, 11/08.
Tais procedimentos afrontam a ética na política, traem a esperança de mais de 52 milhões de votos concedidos em 2002, frustram e impedem a realização dos verdadeiros compromissos historicamente assumidos pelo PT em sua trajetória política no País.
Por isso, comunicamos que estamos exigindo, junto ao Diretório Nacional do PT, as seguintes providências: 1)a imediata convocação extraordinária do Diretório Nacional para discussão e tomada de providências enérgicas em relação aos fatos já conhecidos; 2)o imediato afastamento da condição de membros do Diretório Nacional dos dirigentes envolvidos nas denúncias, com apuração de todos os fatos mediante abertura de processos na Comissão de Ética do partido; 3)o afastamento da bancada federal do PT e das instâncias partidárias - das quais por ventura sejam membros - dos Parlamentares cujos nomes foram denunciados após as seguidas sessões de depoimentos nas CPIs e encontrados em provas documentais já reunidas até este momento; 4)o afastamento dos deputados atualmente integrantes das CPIs em curso cujos nomes foram denunciados, bem como dos que tenham incorrido em falso testemunho nos trabalhos das CPIs.
Nesta ocasião, comunicamos que estão entregues à Coordenação da Bancada todas as vice-lideranças que haviam sido preenchidas com parlamentares integrantes do Bloco de Esquerda.
Coordenação do Bloco de Esquerda, sobretudo em memória e em homenagem a Paulo Freire, Florestan Fernandes, Chico Mendes e todos aqueles que não estão mais entre nós.
Brasília, 11 de agosto de 2005