Do Blog do Josias Ao final de uma solenidade realizada no Planalto, os repórteres puderam se achegar a Lula.
Questionaram-no sobre a abertura da ação penal do mensalão e a relação do episódio com o governo dele. “Até agora ninguém foi inocentado e ninguém foi culpado.
Agora começa o processo de cada advogado fazer a defesa de seu paciente [cliente].
E o processo vai entrar na rotina normal”, disse o presidente sobre o processo.
Quanto aos respingos em seu governo, recuou até 2006.
Lembrou que a oposição já tentara arrastá-lo para o centro da crise.
Acha que o eleitor já deu a resposta: “Eles tentaram me atingir, e 61% do povo deu a resposta na eleição do ano passado.
Eles sabem perfeitamente bem o que é o processo [de julgamento das denúncias do mensalão].” Ouviu-se também o ministro petista Luiz Dulci (secretário-geral da Presidência). “Isso não tem nada a ver com o governo”, afirmou. “A decisão do Supremo é de abrir processo contra pessoas individuais.
Não tem nada a ver com o governo”. também Dulci escorou-se nas urnas: “O governo já foi julgado nas urnas, democraticamente.
E recebeu uma aprovação consagradora do povo brasileiro.
Esse é o julgamento.” O presidente e seu ministro cometem um equívoco primário: confundem votação com água sanitária, urna com sabão.
Foram ao banco dos réus: 1) três ex-ministros de Lula.
Entre eles José ‘Técnico do Time’ Dirceu; 2) um ex-presidente da Câmara eleito com o apoio de Lula; 3) toda a ex-cúpula do partido de Lula; 4) boa parte da corriola que dava suporte congressual a Lula I –Jeffersons, Janenes, Valdemares e outros azares.
O Ministério Público esmiuçou em sua denúncia um mega-esquema de compra de apoio parlamentar.
O STF encampou a quase integralidade da peça do procurador-geral Antonio Fernando de Souza.
Pode-se admitir que Lula, o governo e o PT não têm nada a ver com o peixe podre.
Mas, neste caso, deve-se reconhecer que Brasília está inteiramente desobrigada de fazer sentido.
Em 2005, no calor da crise do mensalão, Lula dissera que é o homem mais “ético” que ele conhece.
O único com “autoridade moral” para combater a corrupção.
Os comentários, que já àquela época soaram estranhos, agora exigem a formulação de hipóteses.
Na melhor das hipóteses, Lula é mesmo o messias que imagina.
Na pior das hipóteses, a honestidade, assim como Brasília, é um vocábulo que perdeu todo o sentido.
Admita-se que Deus, por vezes, escreve certo por linhas tortas.
Mas nenhum messias que se preza faria as alianças políticas que Lula se permitiu fazer.
Assim, deve-se ficar descartar a melhor hipótese.
Fique-se com a pior.
Ou seja: a promiscuidade independe do caráter do presidente.
A retidão de Lula não faz a menor diferença.
Quanto ao PT, só um modo de enxergar virtude nos pecados que a legenda cometeu.
Deve-se considerar a hipótese de que ao partido de Lula chegou ao poder munido de um plano secreto.
Sua missão oculta era a reiteração dos erros fisiológicos iniciados por Sarney, escancarados por Collor e mantidos por FHC.
Desejava provar a inevitabilidade dos delitos políticos, cometendo-os.
Conseguiu.