Por Sérgio Montenegro Filho Formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, peculato, gestão fraudulenta.
Será que, no longínquo mês de junho de 2005, expressões como estas passavam pela cabeça de gente como José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Sílvio Pereira, Pedro Corrêa, Roberto Jefferson e os demais envolvidos no escândalo do mensalão?
Pois se não passavam, certamente, agora, são essas as palavras que assombram os pesadelos de todos eles.
Graças ao “bom funcionamento das instituições” - como fez questão de destacar o ministro relator do processo contra os mensaleiros no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa - os brasileiros têm, hoje, uma brecha para respirar mais aliviados, num país em que a punição para crimes de colarinho branco caiu, faz tempo, no descrédito, e virou mote de piadas. É bom, mesmo, saber que, enfim, podemos contar com alguma justiça depois de tanta pizza despejada sobre nossas cabeças.
E sendo assim, é bom estender os elogios à CPI dos Correios, no Congresso Nacional.
Desde a CPI do PC Farias que não se vê uma comissão parlamentar de inquérito render algum resultado sem cheio de orégano e mussarela.
Os dados apurados durante as investigações da CPI dos Correios foram fundamentais para instigar a Procuradoria-Geral da União a enviar ao STF o pedido de abertura de inquérito contra a quadrilha de mensaleiros que distribuiu cerca de R$ 55 milhões entre políticos e partidos aliados do governo, em troca de votos favoráveis no Legislativo.
A partir daí, estendamos os cumprimentos também ao Ministério Público e, principalmente, à Polícia Federal, que tratou de aprofundar as investigações em cima das informações colhidas pela CPI.
De início, parecia mais uma massa de pizza sendo assada.
Não foi. É fato que, pela lei, os acusados - sobretudo os integrantes do chamado “núcleo político” do mensalão - estão sujeitos a penas consideravelmente brandas.
Algumas podem chegar a três anos de reclusão.
E como o julgamento dos agora réus pode ainda demorar uns três anos para acontecer, mesmo se condenados, eles já teriam cumprido o prazo em liberdade.
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