Da Folha de São Paulo A perícia da Polícia Federal feita nos documentos do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) levantou indícios de que o pemedebista não informou ao Conselho de Ética do Senado nem ao INC (Instituto Nacional de Criminalística) movimentações financeiras ocultas, informa neste domingo da Folha de São Paulo.
Renan responde a processo no Conselho de Ética do Senado por ser acusado de ter usado dinheiro da empreiteira Mendes Júnior para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.
O conselho vai concluir a análise do processo nesta semana.
Segundo a reportagem, no laudo enviado ao conselho na semana passada, os peritos destacam dois pontos que embasam a suspeita de que Renan movimentou recursos em contas bancárias que não foram informados ao conselho.
Outros pontos contestados são empréstimos feitos por Renan a locadora de veículos, negociações de gado e venda de um imóvel.
A reportagem não conseguiu falar com o senador para que ele pudesse comentar o assunto.
Na semana passada, Renan prestou depoimento aos três relatores do conselho –Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE)– para explicar detalhes da perícia que a Polícia Federal realizou em seus documentos.
Após o depoimento, que durou quase duas horas, Casagrande e Serrano afirmaram que Renan não conseguiu comprovar que efetivamente tinha recursos para pagar pensão à jornalista.
Segundo os relatores, o senador também deixou dúvidas sobre a sua evolução patrimonial nos últimos anos.
O único relator a se convencer com as explicações de Renan foi Almeida Lima, um dos principais aliados do peemedebista no Senado.
O presidente do Conselho de Ética, o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), considerou normal o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não ter registrado em cartório um empréstimo de R$ 178 mil e disse que já fez o mesmo quando trabalhava em banco. “Eu fui gerente do Banco do Brasil e fiz muitas operações que eu não registrava”, disse Quintanilha.
A declaração está nas notas taquigráficas do depoimento prestado por Renan aos relatores do processo contra ele no conselho, que foi realizado na última quinta-feira a portas fechadas.
Renan tomou esse empréstimo com a locadora de veículos Costa Dourada, que tem como um dos sócios Tito Uchôa, suspeito de ser “laranja” de Renan.
Depois de três anos, os valores não foram pagos nem amortizados.
Renan fez 40 saques de R$ 3.000 a R$ 4.800 na conta da locadora de veículos no período de 7 de janeiro de 2004 a 1º de julho de 2005.