Ele não é poste mesmo!
Por Ana Lúcia Andrade e Gilvan Oliveira, de Política O secretário municipal de Planejamento Participativo, Obras e Desenvolvimento Urbano e Ambiental, João da Costa (PT), é nome recorrente no noticiário depois de ter sido ungido à condição de o candidato dos sonhos do prefeito João Paulo (PT) à Prefeitura do Recife na eleição do próximo ano.
Mas não é só do anonimato da notícia que o secretário saiu.
Há algum tempo, e com mais evidência este ano, João da Costa emergiu dos bastidores da administração municipal e subiu à ribalta das ruas, iluminado pelo programa carro-chefe da gestão, o Orçamento Participativo, que pelo grau de prioridade que recebe do governo, já se constituiu na marca da gestão João Paulo.
De 2005 para cá, o OP se confunde com João da Costa.
Se até 2004, fim do primeiro governo petista, era o prefeito quem personificava o programa.
Agora, o secretário-prefeiturável é quem desfruta de tal reconhecimento.
Embalado pelas renovações implementadas no OP, que o tornaram muito mais atrativo – veja a evolução da participação popular no quadro ao lado – João da Costa ganhou as ruas.
Protagonizou mais da metade das 53 plenárias populares que ocorreram esse ano.
Dessa forma, a tese do “poste”, que ele próprio se valeu para contrariar a visão dos que o classificam de candidato imposto, é perfeitamente compreendida quando se conhece a dinâmica implementada por ele no programa mola-mestra do governo: o OP. “Essa minha movimentação sempre houve.
As pessoas é que não percebiam ou eu não estava na cena”, desconversa o secretário, para, em seguida, render-se aos fatos. “Agora, não posso negar que uma citação do meu nome pelo prefeito para a sucessão colocou um pouco de luz no OP”.
Além de incrementar o processo de votação – agora ela ocorre por urna eletrônica e pela internet – para a escolha dos delegados e definição das prioridades, o OP abocanhou, pela primeira vez em quase oito anos de governo João Paulo, uma fatia dos recursos municipais destinados à publicidade.
Sob a justificativa de que muitas pessoas conheciam o OP, mas dele não participavam, o secretário produziu uma campanha publicitária de divulgação e chamamento para as plenárias, fórum onde são definidas as obras a serem realizadas.
Apesar de não ter alcançado a grande mídia, a campanha custou aos cofres públicos o montante de R$ 331 mil, metade do que é despendido na campanha do IPTU, considerada a publicidade de fôlego da administração.
Investimento com retorno certo: aumentou o interesse e, conseqüentemente, a participação popular pelo OP e, de quebra, claro, o secretário João da Costa vem agregando respaldo popular a sua atuação.
Um capital que já lhe rendeu dividendos eleitorais.
Ele próprio reconhece que seu desempenho nas urnas, em 2006, como o mais bem votado da história do PT para deputado estadual, tendo inclusive se inserido eleitoralmente em áreas do Recife onde o partido não tem tradição de voto, como é a Zona Norte, é resultado do seu trabalho à frente do OP.
Se será suficiente para tirá-lo da condição de candidato dos sonhos do prefeito João Paulo para colocá-lo na condição real de candidato da situação à PCR, no ano que vem, só o tempo vai dizer.
Até lá, João da Costa não é poste, mesmo!